"E se a cura da sida estava naquele avião?"

Dentro do avião seguiam famílias que iam de férias, um senador holandês, um casal de floristas... e alguns dos melhores cientistas que investigam a sida.

Foto
Destroços no local do acidente Maxim Zmeyev/Reuters

Procuramos histórias felizes nas tragédias. Esta é a única: o casal Izzy e Barry Sim queria viajar no MH17 mas só um deles tinha lugar. Decidiram ficar em terra, ainda por cima viajavam com o seu bebé de meses. “Sentimos um frio na boca do estômago. Sentimos aquelas borboletas. O coração dispara”, disseram sobre o medo do que podia ter sido e o alívio por estarem ali.

Nem um dos 298 passageiros de tantas nacionalidades sobreviveu — australianos (27), malaios (23), indonésios (11), alemães (4), filipinos (3), um canadiano, possivelmente quatro franceses, as nacionalidades ainda não estão todas definidas. No conjunto dos passageiros, segundo o Ministério do Interior da Ucrânia, 80 era menores. E de um país, a Holanda, morreram 154 cidadãos.

O mundo inteiro cheio de frio no estômago, outra espécie de frio no estômago.

Dentro do avião seguiam famílias que iam de férias, um senador holandês, um casal de floristas — Cor Schilder, 33 anos, e Neeltje Tol, 30 anos; Cor foi a pessoa que escreveu no Facebook antes de embarcar “Se o avião desaparecer é este que devem procurar” — um homem famoso no mundo da restauração...

Desapareceram famílias inteiras. Os Essers por exemplo, que iam para o Bornéu explorar a selva com um grupo de amigos. Peter, 66 anos, a cunhada Jolette, 60 anos, as sobrinhas Emma, 20 anos, e Valentijn, 17.

Uma família que já tinha perdido dois elementos — desapareceram com o MH370 a 8 de Março —, ficou agora sem mais dois que viajavam no MH17. 

A bordo também seguia um grupo de investigadores da sida, que ia participar na conferência que decorre em Melbourne, na Austrália. A comunidade de cientistas que investiga esta doença diz que aquele avião transportava “os melhores, os mais brilhantes”. Joep Lange, presidente da Sciedade Mundial da Sida, é o mais mediático (e um dos melhores, dizem os colegas). Ainda não foi revelado o número exacto de cientistas que morreram, ou o nome de todos. Mas Trevor Stratton, um investigador canadiano que conhece quase todos, não teve dúvidas em afirmar ao jornal The Independent: “Estavam lá investigadores muito importantes, investigadores que percorreram um longo caminho [na investigação], e isto acontece num momento em que nos estávamos a aproximar da possibilidade de uma vacina e quando começávamos a falar de cura. E se a cura da sida estava naquele avião?"

Inicialmente foi avançado o número de uma centena de especialistas mas este sábado, a AFP avança que serão, pelo menos seis. “O número que nos foi confirmado através de contactos com as autoridades australianas, malaias e holandesas é de seis pessoas. Poderá ser um pouco superior, mas não tão elevado como os números que foram anunciados”, afirmou a presidente da Sociedade Mundial da Sida, Françoise Barré-Sinoussi.

Notícia actualizada dia 19/07/2014, às 9h30. Foi acrescentada informação sobre o número de especialistas de sida que terão morrido.

Sugerir correcção
Comentar