Rui Costa faz história na Volta à Suíça com o terceiro triunfo consecutivo
Venceu a última etapa e conquistou o triunfo.
Tal como há um ano, o ciclista nascido na Póvoa de Varzim saltou para a liderança da geral com uma vitória na derradeira etapa. Se em 2013 decidiu tudo na crono-escalada final, neste domingo foi o melhor num dia de alta montanha. Foi um sucesso, o primeiro com a camisola arco-íris de campeão mundial e também o primeiro ao serviço da Lampre, em que ficaram patentes as suas melhores qualidades, ao recuperar de terceiro para primeiro da geral.
“Foi um dia duro, mas em que me senti bem e as minhas pernas puderam responder ao que pedia a cabeça”, escreveu Rui Costa no seu site. “Ganhar uma vez é bom, duas vezes é excelente, mas ganhar três vezes consecutivas é fantástico”.
Na terceira subida do dia, a cerca de 40 quilómetros da meta, entrou na fuga certa, distanciando-se do camisola amarela, o alemão Tony Martin, que partiu com 1m05s de vantagem sobre Rui Costa. Depois, a três quilómetros da meta colocada em Saas-Fee, arrancou imparável, terminando isolado, com 14 segundos de avanço sobre Bauke Mollema e 24 sobre Mathias Frank, que também concluíram a geral no pódio, mas com as posições trocadas — o suíço a 33s e o holandês a 50s. Martin caiu para 4.º, a 1m13s de Costa. O português André Cardoso também terminou no “top 10”, acabando em 6.º, a 1m28s.
“Este êxito confirma que o Rui tem uma qualidade enorme, algo que já ninguém questiona. E confirma que é um caso sério, com uma inteligência e uma leitura de corrida raras no pelotão. Dele espera-se sempre o melhor. O que faz só está ao alcance de meia dúzia de corredores no mundo”, referiu Marco Chagas ao PÚBLICO. Segundo o antigo ciclista, quatro vezes vencedor da Volta a Portugal e actual comentador televisivo da modalidade, o terceiro triunfo seguido nesta prova é um “marco histórico”. “Começam a faltar palavras para o que o Rui consegue. Ele está na história do desporto em Portugal e é um senhor do ciclismo mundial, uma referência”.
A Volta à Suíça está feita à medida do talento do ciclista de 27 anos. No ano passado, tornou-se no nono com mais de um triunfo na competição e apenas o quarto com dois consecutivos, imitando os italianos Gino Bartali (1946 e 1947) e Pasquale Fornara (1957 e 1958) e o norte-americano Andy Hampsten (1986 e 1987), mas agora separou-se deste trio de respeito. No palmarés global, Costa só “perde” para Fornara, o único com quatro vitórias. Os suíços Ferdinand Kübler e Hugo Koblet são os outros ciclistas com três sucessos.
Num dia em que também Tiago Machado esteve em grande destaque, ao garantir o triunfo na Volta à Eslovénia, Rui Costa obteve igualmente o quinto triunfo da carreira em etapas da Volta à Suíça. O português está em forma para a Volta à França, que começa dentro de 12 dias.
Sem descartar a possibilidade de o líder da Lampre se intrometer na luta pela geral no Tour, Marco Chagas acredita que será um candidato mais sério dentro de dois ou três anos. “O público português tem de perceber que a concorrência por um Tour é muito grande. Ele é um grande ciclista, mas não quer dizer que vá lutar já pela vitória, porque há um processo pelo qual se tem de passar na evolução como ciclista. A sua saída da Movistar faz parte disso. Ele agora não tem de se preocupar a não ser com a sua corrida, mas temos de ter consciência que lutar pelo Tour ou pelos cinco primeiros é muito complicado”.