Uma criação portuguesa no jogo inaugural

O conceito artístico da cerimónia de inauguração do Mundial 2014 ficou a cargo de uma empresa portuguesa. Em campo vão estar 600 bailarinos antes do jogo.

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A cerimónia de abertura do Mundial vai ter um toque português NELSON ALMEIDA/AFP

À medida que se forem aproximando as 21 horas (17h em São Paulo) a atenção vai estar focada no jogo inaugural do Mundial 2014, entre o Brasil e a Croácia. Mas os minutos que vão preceder o pontapé de saída do Campeonato do Mundo têm um toque português. A cerimónia de inauguração da competição foi pensada por uma empresa nacional, a Impossible Factory.

Antes dos craques como Neymar e Rakitic pisarem o relvado do Itaquerão, são outros os artistas que vão estar sob os holofotes. Cerca de 600 bailarinos vão corporizar durante 25 minutos a ideia made in Portugal, que ainda está no segredo dos deuses.

O objectivo é “Presentear o Brasil enquanto país anfitrião com algo com que as pessoas possam dizer ‘este espectáculo transpira Brasil por todo lado’”, explica ao PÚBLICO João Garrido da Costa, um dos fundadores da Impossible.

A empresa portuguesa foi a responsável pela direcção artística da cerimónia de inauguração, bem como da final, a 13 de Julho, no Maracanã.

A Impossible Factory nasceu em 2011 pela mão de João Costa e de António Santos. Os dois já dirigiam a TAVOLANOSTRA, uma empresa especializada em produção de eventos, normalmente associados a marcas e ao mundo empresarial. No entanto, havia a ambição de dar o próximo passo, tanto em termos de dimensão como de transpor a fronteira nacional.

E é nesse momento que surge a Impossible. “Sentimos a necessidade de inovar e de criar conceitos de raiz”, conta João Costa. E é o que têm feito nos últimos três anos. Enquanto a TAVOLANOSTRA continua a ocupar-se dos eventos relacionados com as empresas e as marcas, a Impossible Factory ocupa-se de outros voos.

“A Impossible tem um ADN muito específico, de cerimónias e projectos grandes, com um envolvimento de um ano ou um ano e meio”, diz-nos João Costa. Um bom exemplo é a cerimónia de hoje.

Para o Mundial, “o processo criativo foi longo”, muito baseado em “investigação de laboratório para depois passar para uma parte de campo”. Quando fala em laboratório, o empresário está a pensar num extenso trabalho de pesquisa feito em redor do Brasil e da ideia de país que existe.

Essa etapa passa por uma investigação da “riqueza étnico-cultural” brasileira. “No caso do Brasil em particular a grande dificuldade foi gerir tanta riqueza cultural e conseguir transformar isso num momento artístico de 20 e pouco minutos que tem que espelhar essa realidade”, conta-nos.

O caminho para o Brasil foi trilhado pela parceria entre a Impossible Factory e a Team Spirit, a empresa brasileira escolhida para a execução dos espectáculos. Nos três anos de vida, o Mundial é o maior desafio para a empresa portuguesa, mas apenas em termos dimensionais, diz João Costa. Os directores artísticos, dois belgas que vivem em Portugal, “têm muita experiência”.

A referência para este tipo de eventos são as cerimónias dos Jogos Olímpicos. A possibilidade de a empresa vir a estar por trás de uma olimpíada é uma ambição que o fundador da Impossible não esconde. Para já, apenas admite que “o futuro é aliciante”.

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