Visita às obras dos Clérigos revela uma igreja coberta de andaimes

O presidente da Câmara do Porto acompanhou a primeira das visitas mensais às obras que a Irmandade vai promover até ao final dos trabalhos.

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Parece que não há um único espaço livre no interior da igreja dos Clérigos, tal é “a rede de andaimes” que a ocupou. Mas é só uma ilusão, porque há espaço para receber o presidente da Irmandade dos Clérigos, o padre Américo Aguiar, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, o arquitecto responsável pelo projecto de reabilitação, João Carlos dos Santos, e todos os que acompanharam a primeira visita às obras da igreja e à antiga enfermaria.

Desde 10 de Fevereiro que a igreja fechou ao público e que os visitantes que querem subir à torre o fazem pela porta aí instalada, habitualmente fechada. O padre Américo já anunciara que pretendia promover visitas mensais às obras e convidou o presidente da câmara para o acompanhar na primeira.

Da igreja e da antiga enfermaria, que irá receber os novos espaços museológicos dos Clérigos, desapareceram móveis, imagens e reposteiro. Na sacristia o chão é uma cratera irregular de pedra e tenta-se descobrir a cor original das paredes, para a restituir ao espaço. O salão nobre é um enorme espaço vazio, sem os quadros nas paredes e a comprida mesa de madeira que costumava alojar. No último piso da antiga enfermaria, onde ficarão instalados os serviços de apoio e as reservas dos futuros Museu da Irmandade e Museu dos Cristos, há blocos de pedra tombados e uma nudez que é a imagem da “emoção” com que o padre Américo descreveu esta fase inicial dos trabalhos, antes da visita.

“É uma altura muito emocional para quem nos está a acompanhar porque, pela primeira vez, há zonas que estão a ser destruídas e isto causa alguma emoção. Parte-se do princípio que estamos a lidar com algo construído há 250 anos e há um misto de alegria e tristeza, já que estamos a destruir para fazer algo novo”, disse.

O responsável da Irmandade acredita que uma das maiores surpresas da intervenção será a igreja, que irá sofrer trabalhos de conservação e restauro. João Carlos dos Santos concorda e dá como exemplo o retábulo do templo. “Hoje praticamente não se distinguem as várias cores das peças que compõem o retábulo e a nossa esperança é que todos os pormenores se tornem visíveis”, disse.

Rui Moreira foi ouvindo as explicações sobre o novo complexo, que o PÚBLICO já adiantou: como a nova entrada será pela Rua da Assunção (o que obrigará ao prolongamento da rampa lateral que termina de forma abrupta); como será instalado um elevador que irá permitir o acesso até ao último piso do corpo central do complexo, que receberá os museus; como se tornará mais fácil usufruir da vista no topo da torre, graças à plataforma que ali será instalada (a balaustrada é hoje demasiado alta para as pessoas mais baixas) e ao leitor de paisagem identificando os edifícios em redor; e como cada patamar da torre terá uma zona de descanso e de “gestão de fluxos”.

Rui Moreira gostou do que viu e disse confiar na palavra do padre Américo, que aponta a reabertura do complexo para o dia 12 de Dezembro. Quanto à obra, lembrou a quem é que ela se destina. “Acima de tudo, isto é uma obra para nós, mas fazendo parte da nossa sala de visitas, esperamos que contribua também para o turismo”, disse.  

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