O diferendo entre o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e o Governo, sobre o próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA) 2014-2020, abriu outra guerra: trava-se dentro do PS-Porto, entre a concelhia liderada por Manuel Pizarro e a distrital, que discordou do acordo pós-eleitoral que o seu candidato fez com Rui Moreira na Câmara do Porto.

As declarações feitas na terça-feira pelo líder da distrital do Porto do PS, José Luís Carneiro, que afirmou que “um assunto tão relevante como é o de trazer para Portugal 22 mil milhões de euros não devia ser objecto de tratamento na praça pública”, desagradaram a Manuel Pizarro, líder da concelhia do PS e vereador da Câmara do Porto. Pizarro censurou com veemência as afirmações de Carneiro e expressou, “em nome do PS-Porto, a total solidariedade com a Câmara do Porto e com o seu presidente quanto às questões que dizem respeito ao QCA”.

“Acho que é óbvio que a preparação do QCA tem sido realizada de forma centralista, sem ter em conta os graves problemas da Região Norte que, três décadas após a adesão, é a região mais pobre do país – e este é que é o problema”, defendeu. “Nós recusamos ser parceiros menores no estabelecimento da estratégia nacional para este QCA (…) e não devemos repetir os erros do passado e falar só quando tudo já está resolvido”, disse o vereador, acrescentando: “Ao contrário de outros, o PS-Porto acha que deve haver um amplo debate público sobre os fundos comunitários e é evidente para o PS-Porto que o partido se deve concentrar na defesa da região e das pessoas, sem parecer que anda a mendigar uma parcela do poder à mesa do orçamento”.

Numa tentativa de corrigir o que dissera na véspera, José Luís Carneiro afirma: “Manifesto concordância com o conteúdo da declaração do dr. Rui Moreira, entendo que todos devemos fazer um esforço para que essas posições ajudem a reforçar a voz da Área Metropolitana do Porto, a voz da Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Norte e a voz do Conselho Regional”.

O PÚBLICO sabe que o protagonismo assumido por Moreira e pela Câmara do Porto nas críticas dirigidas ao Governo a propósito dos fundos comunitários também desagradaram a autarcas do PS e do PSD da Região Norte, que defendem que o assunto devia ser tratado ao nível do órgão próprio da região, o Conselho Metropolitano do Porto.