Vereadores do PSD recusaram-se a votar nome de administrador para as Águas do Porto “ligado ao PS”
CDU diz que Rui Moreira se comprometeu a não avançar com processo de privatização da empresa municipal.
No final da reunião da manhã desta terça-feira, o social-democrata Amorim Pereira explicou que a recusa se prendeu com razões “de competência técnica” do escolhido e com a apresentação tardia desta proposta, que foi acrescentada à agenda apenas na tarde de segunda-feira. Uma “falta de respeito para com os vereadores”, defendeu.
“Não nos foi explicado por que não foi dada continuidade ao projecto de excelência do professor Poças Martins”, disse Amorim Pereira, aos jornalistas, acrescentando que os vereadores tinham sabido que este fora “liminarmente arredado” das Águas do Porto. “Aparece-nos alguém com curriculum na área dos transportes, que não tem qualquer comparação com o professor Poças Martins. Alguém ligado ao PS. A explicação para esta escolha deveria ter sido muito mais clara, bem como a razão por que se desprezaram os serviços de quem tem muito mais competência para estas funções”, defendeu o vereador do PSD.
Os vereadores do PSD têm vindo a criticar o facto de os administradores das empresas municipais terem sido nomeados sem que os seus nomes fossem escrutinados pelo executivo. Nomeações feitas “à socapa”, disse Amorim Pereira, defendendo: “Esta nomeação só veio à votação porque os estatutos [da empresa] o exigem. Não pode haver uma situação de clandestinidade perante os vereadores”.
Fonte camarária garantiu, após as declarações do social-democrata, que Poças Martins “não foi afastado” das Águas do Porto e que, durante a reunião do executivo, Rui Moreira terá explicado que competirá ao novo conselho de administração decidir se continuará ou não a recorrer aos seus serviços.
Poças Martins nunca foi presidente do conselho de administração das Águas do Porto, mas era a sua empresa, contratada pelo executivo de Rui Rio, que assumia a gestão da empresa pública – uma prestação de serviços com custos elevados e que foi alvo de muitas críticas da oposição. No final da reunião, o vereador da CDU, Pedro Carvalho, recusou-se a tecer comentários sobre a competência de Matos Fernandes e afirmou ter-se abstido na votação do seu nome para a presidência das Águas do Porto, mas foi peremptório sobre a situação vivida durante o anterior executivo: “O que aconteceu no passado é que não pode voltar a acontecer. Tínhamos um presidente de facto, sem responsabilidades políticas directas. Isso é que não podia continuar”, disse.
Pedro Carvalho afirmou ainda que, durante a reunião privada, o presidente Rui Moreira terá assumido o compromisso de manter as Águas do Porto no domínio público. “Houve um compromisso da actual maioria de que as Águas do Porto continuarão públicas. O presidente garantiu que o processo de privatização não será encetado. Consideramos este compromisso muito relevante e cá estaremos para o fazer cumprir”, disse.