Irlanda termina resgate sem programa cautelar
Decisão já foi comunicada a Angela Merkel e ao Eurogrupo.
No final de uma reunião curta do conselho de ministros, o líder governamental afirmou que esta "é a decisão certa para a Irlanda".
O jornal The Irish Times revelou que a decisão de regresso aos mercados sem almofada já foi comunicada por Kenny à chanceler alemã, Angela Merkel, e que será comunicada na reunião de hoje do Eurogrupo, com os ministros das Finanças dos países do euro.
A recusa em assumir um programa cautelar tem como base o facto de a Irlanda dispor, neste momento, de reservas financeiras no valor de 25 mil milhões de euros, argumento que o ministro das Finanças, Michael Nooman, deverá usar hoje para convencer os parceiros do Eurogrupo.
Com esta decisão, o Governo irlandês procura ganhar a confiança dos mercados e melhorar as condições em que o país satisfaz as suas necessidades de financiamento, ficando, ao mesmo tempo, liberto da condicionalidade associada a um programa cautelar.
A decisão foi saudada já pela Comissão Europeia e pelo BCE, para quem este é um sinal positivo do fim da aplicação do programa de resgate.
Na leitura do presidente do banco central, Mario Draghi, presente em Bruxelas, “todas as acções e decisões que deveriam ter sido tomadas” foram concretizadas.
“A Comissão Europeia sempre disse claramente que esta era uma decisão que pertencia à Irlanda e que nós daríamos o nosso apoio a qualquer que fosse a sua escolha”, reagiu o comissário europeu para o Assuntos Económicos e Financeiros, Olli Rehn, citado pela AFP.
A mesma mensagem foi repetida pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, que se referiu a este como um dia importante não só para a Irlanda, mas também para toda a zona euro. Isto porque, disse, Espanha está a terminar o programa dirigido para a banca, Portugal fecha o actual resgate no próximo ano e a Grécia está a fazer “progressos consideráveis”.
O Governo português disse, pela voz do ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, disse esperar que a “Irlanda seja um bom exemplo” para Portugal. Mas admitiu que, estando em aberto o cenário do pós-troika em Portugal, o Governo fica “sem referências”, uma vez que a Irlanda prescindiu de um programa cautelar. com Pedro Crisóstomo