EUA têm 46 presos em Guantánamo que não podem ser libertados ou julgados
Eram 48, mas dois estão mortos – um teve um ataque cardíaco, outro suicidou-se. Não há provas sobre os crimes. E se existem, foram arrancadas à força.
A maior parte dos 46 são afegãos e iemenitas. Não podem ser libertados porque são considerados perigosos ou potenciais terroristas, mas não podem ser julgados porque não há provas ou porque as provas foram obtidas à força.
O Presidente Barack Obama dissera em Maio que ira retirar o maior número possível de detidos de Guantánamo de forma a fechar a prisão na base americana em Cuba, uma promessa que fez quando foi eleito para o primeiro mandato. Foi nomeado um advogado, Clifford Sloan, para supervisionar o encerramento.
Em Guantánamo estão 166 pessoas presas e 86 receberam autorização de transferência - Obama disse que alguns devem regressar aos países de origem, outros serão transferidos para prisões no território dos EUA. Dos " transferíveis", 56 são do Iémen.
O nome dos presos classificados como "detidos por tempo indeterminado", lista criada em 2010, não foi divulgado. Mas o Miami Herald diz que incluiu 26 iemenitas, 12 afegãos, três sauditas, dois kuwaitianos, dois libaneses, um queniano, um somali e um marroquino - dois deles, ambos afegãos, morreram (um teve um ataque de coração e o outro suicidou-se).
Quando chegou à Casa Branca, em 2008, Obama anunciou que encerraria a prisão de Guantánamo no prazo de um ano. Mas quer o Partido Democrata quer o Partido Republicano levantaram, no Congresso, objecções (e impediram) à transferência dos presos para prisões de alta segurança em solo americano e o julgamento de alguns deles no sistema civil.
Mais de cem detidos participam numa greve de fome que começou em Fevereiro para contestar a sua situação de presos sem acusação. Alguns estão ali há mais de dez anos - 44 já foram alimentados à força, através de sondas nasais.
Em Guantánamo há sessões de pré-julgamentos a decorrer. Na segunda-feira, cinco presos acusados de terem participado nos atentados de 11 de Setembro foram apresentados perante o tribunal militar de Guantánamo, entre eles está Khalid Sheik Mohammed, acusado de ter sido o estratega. O Governo americano quer agendar o julgamento para o final de 2014.