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A Europa tem de se empenhar tanto em crescer como em controlar a dívida, disse Enrico Letta a Merkel

Consciente de como o euro condiciona Roma, o novo primeiro-ministro italiano iniciou mandato com viagem a Berlim, Bruxelas e Paris

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“A mensagem dos eleitores italianos não pode ser desvalorizada", disse Letta a Merkel BARBARA SAX/AFP

A crise do euro e os constrangimentos impostos pelo tratado orçamental europeu pesam no horizonte do Governo Letta e o novo primeiro-ministro não os escamoteou, nem escondeu que quer defender a posição do seu país. “Um continente como o nosso não pode estar reunido apenas pela moeda”, tinha dito Letta no Senado. “Se não existir mais nada além da moeda única, o resto do mecanismo europeu não responde às expectativas dos cidadãos”, sublinhou.

Em Berlim, onde foi jantar com Merkel no primeiro dia de plena posse do cargo — tal como tinha feito há um ano o Presidente francês, François Hollande —, Letta foi entregar de viva voz essa mensagem à chanceler alemã. “A mensagem dos eleitores italianos não pode ser desvalorizada. Os cidadãos não podem ver a Europa apenas como algo negativo, tem de ser fonte de notícias positivas também. Se não, vão crescer os movimentos políticos contra a União Europeia”, alertou.

Apesar disso, o novo primeiro-ministro italiano — que hoje irá a Bruxelas e Paris — disse-se disposto a fazer tudo o que for necessário para pôr em ordem as contas do seu país. “Mas temos de avançar para uma verdadeira união fiscal, política, além de económica e bancária, que já foi iniciada”, sublinhou.

Merkel, ao seu lado na conferência de imprensa, disse estar “feliz” por poder colaborar com Letta, e fugiu a uma pergunta de um jornalista italiano relativamente à recente polémica sobre um documento do Partido Socialista francês que propunha confrontar a “chanceler da austeridade” e o “egoísmo alemão”. “Rigor e crescimento não são opostos, um é condição do outro. Aliás, em alemão nem tínhamos essa palavra, austeridade, usamos rigor”, comentou.

“Temos de continuar a fazer as reformas estruturais, que são absolutamente necessárias para permanecermos competitivos. O que conta é que continuemos produtivos, que usemos a força dos 500 mil cidadãos da União Europeia”, continuou a chanceler, que guardou os conselhos mais acutilantes para o jantar, em privado, com Letta.
 
 

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