Parceiros sociais alertaram Passos para perigos do excesso de austeridade

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O encontro decorreu no CES, em Lisboa Foto: Miguel Manso

No final do encontro, que decorreu no Conselho Económico e Social (CES), em Lisboa, ao contrário do que acontecia anteriormente – os parceiros eram ouvidos individualmente, em São Bento –, o secretário-geral da UGT, João Proença, destacou a importância da presença do Governo português no encontro de 18 e 19, em Bruxelas, para “fazer sentir a voz” do país.

“É fundamental que o Governo português faça sentir a sua voz no Conselho Europeu, para reflectir a situação nacional que é, claramente, insustentável em termos de crise, de aumento do desemprego, e estamos naquela situação em que, se não houver crescimento económico, dificilmente teremos condições para garantir o pagamento dos empréstimos e para garantir condições necessárias aos portugueses”, afirmou João Proença no final da reunião, que durou cerca de duas horas.

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, afirmou, por seu turno, que ficou claro neste encontro que, “quer os Governos europeus, quer o Governo português, estão de costas voltadas para as pessoas, e a grande preocupação deles é responder aos grandes objectivos do sector financeiro”.

“Tudo o que tem a ver com o sector financeiro está clarificado e com os prazos definidos, é para aplicar. Tudo o que tem a ver com os trabalhadores e com o crescimento económico é para decorar”, afirmou o sindicalista, acrescentando que a Intersindical irá anunciar, no sábado, na marcha contra o desemprego, propostas alternativas às apresentadas pelo Executivo na redução da despesa, nomeadamente, no que se refere às Parcerias Público Privadas (PPP).

Também o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, considerou tratar-se de “um orçamento claramente violento para o tecido empresarial” e alertou para eventuais encerramentos de empresas no curto prazo.

“A prosseguir este tipo de orçamento, prevemos que os encerramentos de empresas continuem a disparar, prevemos que o desemprego seja claramente acima daquilo que está estimado no cenário macroeconómico, e prevemos que, daqui a meia dúzia de meses, estejamos, provavelmente, a discutir medidas extraordinárias. Essa é a nossa preocupação”, reiterou Vieira Lopes.

Pedro Passos Coelho não prestou quaisquer declarações aos jornalistas.

De acordo com uma versão preliminar da proposta de lei do OE para 2013, a que a agência Lusa teve acesso na quinta-feira, o Governo prevê uma sobretaxa de 4% no IRS e a redução dos escalões deste imposto, de oito para cinco, além de cortes nas pensões.

A proposta de Orçamento deverá ser entregue no Parlamento na segunda-feira, dia 15 de Outubro.