IRS pago pelos portugueses vai subir cerca de 30% em 2013

Foto
O imposto sobre o tabaco vai aumentar, confirmou Vítor Gaspar Foto: Daniel Rocha

O Governo vai agravar, no próximo ano, o IRS pago pelos portugueses em cerca de 30% face ao actual valor.

A conclusão retira-se dos anúncios feitos esta quarta-feira pelo ministro das Finanças na conferência de imprensa destinada a dar a conhecer ao país as medidas alternativas à desvalorização fiscal que foi anulada pelo Governo.

Vítor Gaspar revelou que o Executivo vai repor, em 2013, aos funcionários públicos um dos dois subsídios que lhes foram retirados este ano. Aos pensionistas vai repor 1,1 subsídios. Em contrapartida, vai reduzir o número de escalões do IRS e introduzir uma sobretaxa de 4% deste imposto, semelhante à aplicada em 2011. As duas mudanças no IRS produzirão um agravamento da taxa média efectiva do imposto de mais 3,4 pontos percentuais.

De acordo com o ministro das Finanças, a taxa média efectiva do IRS é actualmente de 9,8%. Passará agora para 13,2%. Isto significa que o agravamento na factura de IRS a suportar pelos portugueses será, em média, superior a 30%.

Dois pontos percentuais deste agravamento estão relacionados com a redução dos escalões do IRS de oito para cinco. O resto está relacionado com a sobretaxa do IRS.

O ministro disse ainda que as alterações a efectuar no IRS farão aumentar a progressividade do imposto. Assim, o aumento da taxa será mais significativo nos rendimentos mais elevados e mais moderado nos mais baixos.

Em relação à sobretaxa, Gaspar afirmou que, ao contrário do que aconteceu em 2011, não deverá ser aplicada exclusivamente no subsídio de Natal, repartindo-se os seus efeitos ao longo dos vencimentos dos 12 meses do ano.

Vítor Gaspar anunciou também que se irá proceder a um agravamento adicional da tributação sobre os rendimentos de capital, rendimentos de poupança, património, bens de luxo, tabaco e transacções financeiras. E que o Governo aprovou um conjunto de propostas para combater a evasão fiscal e a economia paralela – medidas que, no seu conjunto, considerou tratar-se de um “enorme” aumento dos impostos.

Para Vítor Gaspar, as medidas repartem o “esforço de ajustamento” pela população “de uma forma justa e equilibrada”. E, por isso, considerou, a esmagadora maioria dos funcionários públicos e pensionistas ficará melhor em 2013.

Em relação à criação da taxa sobre as transacções financeiras, nada concretizou. “Está em aberto”, assumiu, explicando que será introduzida em sintonia com outros Estados-membros da União Europeia, porque “estão a desenvolver-se esforços a nível europeu”. A questão estará em cima da mesa da reunião de ministros das Finanças da zona euro da próxima semana, e o próprio ministro português irá defender um avanço mais rápido “nesta matéria”, prometeu.

Gaspar remeteu para a apresentação do Orçamento do Estado para 2013, a 15 de Outubro, detalhes em relação a outras medidas, nomeadamente um aumento da tributação em sede de IRC, justificando que “o exercício [de elaboração do documento] não está fechado” e que as suas explicações de hoje não são para apresentar o orçamento.

Mais desemprego em 2013

Gaspar reviu ainda em alta a previsão do


nível de desemprego para 2013

. Em vez de uma taxa de 16% da população activa, como previa ainda há três semanas, o Governo aponta agora para 16,4%. Embora considere que a proposta de alteração da Taxa Social Única (TSU), que o Governo deixou cair

nos termos em que o primeiro-ministro a apresentou em Setembro

, visava conter o agravamento do desemprego e teria impactos positivos na criação de emprego, reconheceu que, pela forma como foi recebida, não teria “condições de aplicabilidade”.

Gaspar diz não existir “uma medida alternativa” que responda aos objectivos definidos pelo Governo para a medida – promover o crescimento e a competitividade –, mas adiantou que existem muitas ideias “parcelares” dos parceiros sociais, com “margem de adaptação”, que “precisam de ser afinadas” para serem postas em prática.

Confrontado com as declarações de António Borges sobre a reacção dos empresários às mexidas na TSU, Vítor Gaspar insistiu que foram feitas em nome pessoal e que não reflectem “a posição oficial do Governo”. Para as empresas e os trabalhadores, deixou a seguir uma mensagem, sem voltar a falar do consultor do Governo para as privatizações: “O esforço de ajustamento do sector privado em Portugal, das empresas portuguesas, dos empresários portugueses e dos trabalhadores portugueses é a força motriz… por trás do comportamento das nossas exportações”.

Notícia actualizada às 16h31

Acrescentadas declarações de Vítor Gaspar e informações de contexto.


Sugerir correcção
Comentar