Oposição critica em bloco intenção do Governo de concessionar a RTP

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A concessão da RTP foi defendida por António Borges Foto: Pedro Cunha

A intenção do Governo de concessionar a RTP e encerrar o canal 2, anunciada por António Borges na quinta-feira, provocou uma onda de críticas da oposição. O PS considera a aparição do consultor do Governo para as privatizações uma “flagrante” falta de “formalismo democrático”. O PCP defende que qualquer modelo de privatização será um “golpe brutal no serviço público”. E o Bloco de Esquerda (BE) exige explicações de Passos Coelho e de Miguel Relvas.

PS: Borges desconhece as “necessidades do serviço público”

O Partido Socialista (PS) lamentou ontem a falta de “algum formalismo democrático” do Governo, que faz com que “qualquer um possa anunciar o que quiser, quando quiser e substituir quem quiser”, referindo-se às declarações de António Borges sobre a RTP.

A Inês de Medeiros considerou que, “como o Governo não tem noção do que é um Governo, do que é o sentido de Estado, do que é um Governo eleito, acha que tudo vale e qualquer um pode vir anunciar o que quiser, quando quiser, substituir quem quiser. A falta de consciência da importância das regras e de algum formalismo democrático é flagrante na forma de agir, de falar e até na forma de se fazer substituir”.

A deputada vê com “estupefacção” o “total desconhecimento [de António Borges] do que é, para que serve, qual é a função e quais são os limites, mas também as necessidades do serviço público”. “Estamos a falar como se estivesse tudo sedento de compra. Não há nenhuma consciência do que é um serviço público, não há sequer consciência do que é um bem público e a RTP é um bem público”, acrescentou.

PCP: privatização da RTP é “golpe brutal no serviço público”

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou na sexta-feira que, “seja qual for a solução encontrada” para a RTP, a privatização será sempre um “golpe brutal no serviço público”.

“Estamos em presença de uma inaceitável decisão que, se for concretizada, conduzirá à destruição desta empresa e do serviço público da rádio e televisão”, afirmou o líder comunista, que discursava em Grândola.

Para o secretário-geral do PCP, o argumento do “afundamento financeiro” da RTP “é uma falácia”, que não tem em conta o facto de esta ser “uma das estações públicas de televisão mais baratas no plano europeu”, cujos “problemas podem ser resolvidos no quadro do seu actual estatuto”.

BE exige explicações de Passos e de Relvas

O BE foi o primeiro a reagir. Ainda na quinta-feira, a deputada Catarina Martins exigiu exigiu explicações do primeiro-ministro e do ministro Miguel Relvas sobre os planos do Governo.

“Não é admissível, é completamente intolerável que António Borges, um funcionário do Governo venha anunciar quais são os planos para a RTP, que venha anunciar que Portugal vai ser o único país da Europa sem um serviço público de rádio e televisão”, criticou.

Para a deputada bloquista, “o primeiro-ministro tem de assumir perante o país o que pretende para a rádio e televisão públicas”. O BE “quer ouvir” o ministro da tutela da comunicação social, Miguel Relvas, no Parlamento, sobre este processo.

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