Furto de cabos e peças em cobre pára eléctrico histórico de Sintra

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Ainda é incerta a data em que o eléctrico estará em condições de voltar a funcionar Foto: Miguel Madeira

Dois furtos de cobre forçaram a suspender a circulação do histórico eléctrico que liga a vila de Sintra à Praia das Maçãs. O presidente da autarquia, o social-democrata Fernando Seara, explica que a reparação da rede aérea depende da chegada de material do estrangeiro e garante que vão ser tomadas medidas em articulação com as autoridades policiais para evitar que se repita este tipo de vandalismo.

O eléctrico de Sintra, inaugurado em 1904, anda em maré de azar. Em finais de Outubro, a queda de uma árvore danificou a catenária na zona de Monte Santos. A reparação orçou em cerca de 14 mil euros (mais IVA) e deverá ser imputada ao proprietário do terreno junto à linha. Mas, segundo uma fonte camarária, em Fevereiro, o furto de cerca de 100 metros de cabo da catenária, na recta entre a Ribeira e a chamada Ponte Redonda (antes, de Galamares), voltou a impedir a circulação do eléctrico.

Dois meses depois, desapareceram na mesma zona mais 300 metros de cabo e peças em cobre. Material muito procurado por ladrões organizados ou por conta própria, que o Ministério da Administração Interna já prometeu combater com penas mais pesadas, mas que parecem tardar para conseguir travar a onda de danos em diversos tipos de infra-estruturas, nomeadamente de comunicações.

Perante estes dois furtos, a câmara lançou uma empreitada para reparação imediata da catenária. A obra, esclarece o presidente da autarquia, já está adjudicada por ajuste directo, com um prazo de execução de dez dias, e "vai começar assim que chegar o material de França". A factura será de 12.500 euros, acrescidos de IVA. Mas a câmara lançou outra empreitada de manutenção da via e da rede aérea para toda a extensão de 11 quilómetros de linha, que liga o bairro da Estefânia, em Sintra, à Praia das Maçãs. Está orçada em 130 mil euros (mais IVA), para um período de seis meses, e "foi adjudicada, mas houve uma reclamação de um concorrente".

Contas feitas às três intervenções, Fernando Seara nota que a autarquia "vai gastar mais de 150 mil euros para repor o eléctrico em funcionamento, o que se espera até ao fim de Julho".

O autarca qualifica os furtos como "falta de cidadania inqualificável" e garante que, perante tais acções, "a câmara já tomou medidas e vai adoptar outras em articulação com as autoridades".

Videovigilância na calha

"É um dos casos em que se deverá ponderar um pedido de instalação de videovigilância", admite o eleito do PSD, quando questionado sobre quais as medidas que se poderão estudar para evitar a repetição dos furtos. Seja como for, apesar do optimismo do presidente da autarquia na possibilidade de retomar a circulação do eléctrico ainda durante este Verão, a paragem poderá demorar mais algumas semanas. Não tanto pela contestação do concurso de manutenção, mas devido à necessidade de se proceder a viagens de testes, com os centenários carros eléctricos em vazio, por razões de segurança.

A linha do eléctrico beneficiou de uma profunda intervenção entre 2009 e 2011, no troço entre a Ribeira de Sintra e a Praia das Maçãs, ao abrigo de um apoio mecenático da empresa proprietária do Fórum Sintra como contrapartida pela ampliação do centro comercial situado na freguesia de Rio de Mouro. Para além da recuperação da rede de drenagem de águas, foram substituídas mais de 5500 travessas.

O objectivo passa por manter o eléctrico em funcionamento ao longo de todo o ano, embora em período reduzido durante o Inverno, utilizando para o efeito os diversos tipos de carros existentes: abertos (com bom tempo) e fechados (para resguardo do frio e da chuva). Quando voltar aos carris, o eléctrico funcionará de sexta a domingo com carreiras regulares (de nove viagens, no Verão, a três, no Inverno). De terça a quinta, só alugado para grupos. Uma viagem custa dois euros (metade para passageiros com mais de 65 anos). Para já, a autarquia avisa no seu site que a circulação está "interrompida por tempo indeterminado" e pede a "compreensão de todos os utentes deste património móvel de Sintra".

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