Seguro contesta austeridade perante a derrapagem orçamental

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Política e negócios não devem misturar-se, diz Seguro Daniel Rocha

O secretário-geral do PS, António José Seguro, afirmou hoje que o Governo “fracassou”, por pedir “sacrifícios exageradíssimos” aos portugueses e nem assim conseguir concretizar o objetivo da redução do défice.

“Para que serve esta receita que o Governo está a impingir aos portugueses?”, questionou o líder socialista, aludindo aos mais recentes números da execução orçamental, que apontam para uma derrapagem de cerca de três mil milhões de euros.

Falando durante o Congresso Distrital do PS de Braga, António José Seguro considerou que a “receita de austeridade somada a mais austeridade” é “um crime” e um “disparate”, que “só aumenta o desemprego, atira as empresas para a falência, provoca mais empobrecimento e mais destruição da classe média”, sem conseguir equilibrar as contas públicas.

O dirigente partidário recordou que os funcionários públicos perderam “dois salários”, foi cortado metade do subsídio de Natal em 2011, aumentaram “para o dobro” as taxas moderadoras, aumentaram “para o máximo” as taxas de IVA sobre o gás e electricidade e foram “cortados” os transportes para acesso aos serviços de saúde.

“Cada português pergunta-se: foi para isto que me pediram tantos sacrifícios?”, afirmou, sublinhando que “o Governo não tem o direito de fazer isto aos portugueses”.

O líder socialista disse que o Governo “fracassou” e deixou o aviso ao primeiro-ministro: “Com o PS, não haverá mais austeridade nem mais sacrifícios para os portugueses”.

Para Seguro, “há outro caminho” que passa por uma “dose adequada” de austeridade aplicada a um “ritmo” menos intenso, com “pelo menos mais um ano para consolidar as contas públicas” e ainda pela prioridade ao emprego e ao crescimento económico.

O líder do PS defendeu ainda que o Governo deveria “lutar” para que o Banco Central Europeu (BCE) possa financiar diretamente os Estados, de forma a conseguir juros mais baixos.

“Não quero dinheiro fácil, não quero que o BCE financie o nosso défice. O que eu quero é que parte do financiamento possa ser feita com taxa de juro mais baixa, e para isso não é necessário alterar qualquer tratado europeu”, referiu.

Seguro disse que Portugal precisa de um Governo “à altura”, para defender na Europa os interesses nacionais, e criticou o “seguidismo” do primeiro-ministro em relação “à senhora Merkel”.

O líder do PS pediu ainda uma resposta “mais robusta, mais coerente e mais eficaz” a nível da Europa para combater a crise, sublinhando que a “receita de austeridade a todo o custo imposta pela senhora Merkel” só conduz “a mais desemprego e a mais dificuldades”.

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