Alemães elegem Portugal como exemplo, mas regresso aos mercados só em 2015
As conclusões do Centro de Friburgo estão nesta quarta-feira de manhã nas edições online do Frankfurter Allgemeine Zeitung, jornal editado a partir da cidade que serve de sede ao Banco Central Europeu, e também no Spiegel, que cita o seu jornal concorrente. Para quem lê alemão, o próprio relatório está disponível no site do centro (clique aqui). A partir dos dados reunidos pelo centro de Friburgo, é actualizado o Default Index, uma espécie de registo dos riscos de bancarrota dos países em pior situação (Grécia, Irlanda, Espanha, Itália e Portugal). E a conclusão sobre Portugal é que o país só conseguirá regressar aos mercados de dívida em 2015.
“A erosão da credibilidade de Portugal começou em 2004 e acentuou-se a partir daí”, refere o documento. “A partir de 2009, porém, registou-se uma alteração na tendência: o Default Index português desceu de -7,3 em 2009 para -6,8 em 2010 e -5,3 em 2011. Quando se perspectiva esta tendência no futuro, conclui-se que Portugal não irá, como se prevê no programa de reformas, regressar ao mercado em 2014, mas a partir de 2015 estará sólido e poderá viver sem ajuda externa, desde que os investidores privados confiem nas capacidades do país”, conclui.
O que o Governo português começou por dizer é que Portugal voltaria aos mercados em Setembro de 2013. Mais tarde, a abordagem ao prazo passou por ser mais cautelosa, com referências genéricas ao regresso "no segundo semestre" de 2013. O ano de 2014, citado pelos alemães, terá a ver com a altura em que Portugal poderá passar a refinanciar-se já fora do período de vigência do programa de ajuda externa.
Só que, para que esse regresso em 2015 se verifique é, porém, “necessário que se concretizem as reformas negociadas com a troika”. “Até agora, o país tem cumprido as suas obrigações”, prossegue o centro de estudos, lembrando que para tal contribuíram a suspensão dos subsídios de férias e 13.º mês, o encaixe com privatizações” e que em curso está uma reforma laboral. “Portugal está no bom caminho. Se podemos esperar desenvolvimentos positivos vai depender inteiramente da capacidade de levar a cabo as reformas económicas necessárias e com as quais se comprometeu”.