Subdirectora do Igespar morta pelo irmão por desavenças em partilhas

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O crime ocorreu nesta quarta-feira à noite Foto: Manuel Roberto

Desavenças motivadas por partilhas estiveram na origem do assassinato, na quarta-feira à noite, da subdirectora do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, Ana Bívar, pelo seu irmão. Uma outra irmã ficou igualmente ferida. O suspeito do homicídio entregou-se entretanto às autoridades.

A jurista Ana Bívar, de 51 anos, morava em Lisboa e era casada com o deputado social-democrata António Prôa, com quem tinha quatro filhos, o mais pequeno com menos de dois anos e a maior com 13 anos.

O homicídio ocorreu depois de o Tribunal de Évora, por iniciativa das duas irmãs, ter revogado, na quarta-feira, uma procuração que o suspeito tinha para representar a mãe em negócios, avançaram fontes policiais citadas pela agência Lusa.

Segundo as mesmas fontes de informação, o homem esfaqueou duas irmãs após as ter atropelado com o seu automóvel. Ana Bívar acabou por morrer no Hospital de Évora, enquanto a irmã, de 44 anos, residente no bairro do Granito, escapou com vida, embora tenha tido de receber tratamento hospitalar.

O atropelamento ocorreu na Rua Dr. César Baptista, no bairro do Bacelo, na periferia de Évora, tendo as autoridades sido alertadas para o que se estava a passar pelas 21h18. Fonte dos bombeiros disse que uma das vítimas seguiu para o hospital em "manobras de reanimação". No local do ataque prestaram socorro às vítimas, segundo informações do Centro Distrital de Operações de Socorro, cinco bombeiros da corporação de Évora, apoiados por duas ambulâncias, e uma viatura médica de emergência e reanimação.

Só no dia seguinte o suspeito se entregou num posto da GNR na zona de Alenquer, a sua área de residência, depois de "pressionado por pessoas próximas". O homem, ainda segundo as autoridades, "colaborou nas diligências de investigação" em curso. A polícia não encontrou no local a arma utilizada no crime.

Adjunta de Canavilhas

Ana Bívar já havia trabalhado como adjunta da ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, tendo voltado a ser nomeada para assessorar o seu sucessor, Francisco José Viegas. Antes disso tinha trabalhado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e no gabinete do ministro Fernando Negrão quando este assumiu funções na Segurança Social, em 2004. Na quinta-feira, o ambiente na Secretaria de Estado da Cultura era de choque.

O funeral da subdirectora do Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico realiza-se hoje às 15h no cemitério dos Olivais, em Lisboa. O corpo sairá da Igreja do Campo Grande.

O litígio familiar arrastava-se há anos. Falecido em 2003, o pai dos três irmãos deixou viúva Guilhermina Lynce, proprietária da Herdade da Lezíria, em Alcácer do Sal. Foi esta propriedade que, já depois da morte do pai, o alegado assassino, agricultor de profissão, vendeu em fracções. Devido a isso as suas três irmãs - as duas feridas e uma terceira - meteram uma acção em tribunal para evitar que o irmão vendesse o que resta do património familiar, um monte também no concelho de Alcácer do Sal.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, o suspeito ainda se deslocou quinta-feira a Alcácer, antes de se entregar, com o propósito de ajustar contas com a terceira irmã. Não a terá, no entanto, encontrado, uma vez que esta se havia ausentado para fora da vila.

O agricultor de 42 anos era conhecido na vila pelos conflitos que mantinha com vários membros da família, da qual se queixava.

Notícia substituída às 7h45 de 1/06:

retirada notícia de agência e colocada notícia própria

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