Novas eleições na Grécia após falhanço das negociações

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Foto: John Kolesidis/Reuters

A Grécia vai ter novas eleições legislativas, depois de terem falhado todas as negociações para formar um Governo de coligação, anunciou esta terça-feira o líder dos socialistas do Pasok, Evangelos Venizelos.

Venizelos, cujo partido ficou em terceiro lugar nas legislativas de 6 de Maio, foi o terceiro líder político mandatado pelo Presidente Carolos Papoulias para formar Governo, depois de Antonis Samaras da Nova Democracia (direita) e Alexis Tsipras, da Syriza – Coligação de Esquerda Radical.

“Vamos ter novas eleições daqui a alguns dias”, adiantou Venizelos, que confirmou o falhanço das negociações para formar governo. Num comunicado da presidência foi referido que “os esforços para a formação de um governo terminaram sem sucesso”.

Quarta-feira, às 13h, haverá uma reunião entre responsáveis partidários para decidir quem assume a governação até ao próximo sufrágio.

O fracasso das negociações ocorre nove dias após as eleições cujo resultado não permitiu alcançar uma maioria. Os partidos não chegaram a acordo ao fim de três tentativas de negociações, com a Nova Democracia e o Pasok a defenderem o cumprimento do acordo estabelecido com a União Europeia e o FMI e a Syriza, segunda mais votada, a opor-se às medidas de austeridade impostas pela troika.

A hipótese de novas eleições, e até da saída do euro, foi avançada por diversos analistas. O encontro desta terça-feira foi a última oportunidade para chegar a um entendimento, que desta vez já visava a criação de um “governo de personalidades”. Na quarta-feira, o objectivo será a formação de um governo que se encarregue da gestão corrente no país até às próximas eleições.

Se o acordo com a União Europeia e o FMI, firmado em Março, for rejeitado, vários líderes europeus já anunciaram que irão cortar o financiamento à Grécia, o que coloca o cenário de saída do euro. “O povo grego deve saber que o acordo a que chegámos com a Grécia e que colocámos em marcha é um esforço inteiramente fora do comum”, sublinhou nesta terça-feira o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schaeuble, após uma reunião em Bruxelas na qual foi abordada a situação na Grécia.

A Syriza, que de acordo com sondagens realizadas após as eleições de 6 de Maio conseguirá um resultado superior e será a formação mais votada num novo escrutínio, já manifestou que pretende que a Grécia se mantenha no euro ainda que queira renegociar a ajuda externa e as medidas de austeridade.

Este impasse político teve origem nos resultados eleitorais em que a Nova Democracia e o Pasok, favoráveis ao cumprimento do acordo com a UE e o FMI, obtiveram em conjunto 32% dos votos, muito menos do que em eleições anteriores, o que significou um total de 149 deputados num Parlamento de 300. Não foi então possível chegar à maioria de 151 deputados, sobretudo tendo em conta o resultado da Syriza (16,76% e 52 deputados).

O Dimar, partido de esquerda moderada que conquistou 19 deputados, também recusou juntar-se a uma coligação de conservadores e socialistas, o que inviabilizou um Governo de coligação. E também os Gregos Independentes, partido nacionalista e populista que resultou de uma cisão da Nova Democracia, que conquistou 33 deputados nas eleições, tinha feito campanha contra as medidas de austeridade e recusou integrar qualquer coligação.

Confirmação de eleições afecta euro

A crise grega está a ter repercussões no valor do euro. Por volta da hora do almoço, o euro entrou em queda livre face ao dólar, cotando-se a 1,279 dólares às 14h25 de Lisboa, depois de ter iniciado o dia acima de 1,286 dólares. A desvalorização da moeda europeia face ao dólar tem sido quase contínua há mais de três semanas, depois de ter atingido um pico acima de 1,32 dólares a 27 de Abril.

Desde então, o agravamento da crise grega, com um forte aumento da possibilidade de o país deixar a União Monetária Europeia, tem sido associado à perda de valor do euro face à moeda dos EUA, normalmente vista como um refúgio em tempo de crise.

Na segunda-feira, a moeda europeia já tinha iniciado o dia em forte baixa, atingindo um mínimo de quatro meses face ao dólar, depois de as conversações do fim-de-semana na Grécia terem mantido o país sem Governo.

Notícia actualizada às 17h27
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