Capital Europeia da Cultura obrigada a recorrer à banca

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A Guimarães 2012 terá que recorrer à banca para obter crédito de curto prazo que permita manter em andamento os projectos artísticos Adriano Miranda

O atraso nas transferências dos fundos comunitários que suportam o orçamento da Capital Europeia da Cultura (CEC) vai obrigar a gestão do evento a recorrer a um financiamento bancário de curto prazo. A Guimarães 2012 espera ainda pelo pagamento de oito milhões vindos do QREN, o que está a causar problemas de tesouraria, e deverão arrastar-se até depois do Verão.

A reavaliação do QREN definida pelo Governo levou a que, nos últimos três meses, todo o processo de análise das candidaturas a fundos comunitários tenha estado parado. O orçamento de programação cultural da Guimarães 2012, no valor de 25 milhões de euros, é financiado a 70 % por verbas comunitárias e é o atraso na transferência de uma parte significativa dessa verba que tem causado dificuldades.

Os prazos com que a organização da CEC contava para os reembolsos por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte “foram excedidos”, revelou esta manhã o presidente da Fundação Cidade de Guimarães, João Serra, durante uma conferência de imprensa de balanço dos primeiros 100 dias do evento. Esta situação “criou dificuldades de tesouraria suplementar”, informou o responsável.

A Guimarães 2012 terá por isso que recorrer à banca, para obter crédito de curto prazo que permita manter em andamento os projectos artísticos que estão neste momento a ser desenvolvidos. A verba global deste empréstimo ainda não está definida, mas terá que fazer face a pelo menos três meses de despesas, uma vez que apenas em Agosto ou Setembro é esperada a regularização dos pagamentos por parte do QREN.

A CEC admite ter alguns pagamentos atrasados e por isso tem “pedido alguma compreensão aos seus prestadores de serviços”, afirmou João Serra. Para fazer face às necessidades de tesouraria, a organização pediu também uma antecipação das transferências de fundos nacionais para o seu orçamento, nomeadamente as verbas acordadas com a Câmara de Guimarães.

Ainda assim, os responsáveis da Guimarães 2012 sublinham que “o financiamento comunitário não está em causa”, havendo apenas um “desfasamento” entre a execução da despesa e o seu reembolso por parte da CCDR-N. A organização da CEC garante também que a gestão do evento tem sido feita com “rigor orçamental” e que até ao momento nenhum dos projectos realizados ultrapassou o orçamento previsto.

A CEC tem-se debatido com outras dificuldades. Apenas na semana passada foi definido o plano de transferências da parte do orçamento da responsabilidade da Secretaria de Estado da Cultura. A Guimarães 2012 foi também uma das entidades afectadas pelo corte no orçamento do Turismo de Portugal, pelo que o financiamento público destinadas à promoção internacional da CEC ficará muito aquém dos oito milhões de euros contratualizados em 2007.

Para compensar alguns dos problemas financeiros com que se debate, a Capital da Cultura acertou com a CCDR-N uma reprogramação do seu programa de financiamento comunitário, que passará a incluir as despesas com comunicação e divulgação do evento, permitindo assim acrescentar entre 2,5 e três milhões de euros ao orçamento da Guimarães 2012.

Nos primeiros cem dias, já passaram pelos espectáculos da CEC meio milhão de pessoas, revela a organização, que garante desta forma que o objectivo de 1,5 milhões de espectadores durante este ano será ultrapassado. No Verão acontecerá a maior parte da programação de espaço público e os eventos para os quais há maiores espectativas de adesão popular o que permitirá atingir a marca definida na candidatura europeia, em 2008.

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