Morte de Miguel Portas "é uma perda terrível para Portugal e para a Europa"

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A morte de Miguel Portas foi recebida com consternação e tristeza no Parlamento Europeu

A morte de Miguel Portas foi recebida com consternação e tristeza no Parlamento Europeu (UE), com vários eurodeputados a saudar "um queridíssimo amigo" e "um grande deputado", que marcou a instituição pela sua "inteligência, argúcia e combatividade".

"É uma perda terrível para Portugal e para a Europa, porque ele era um verdadeiro europeu, as críticas que fazia à Europa eram críticas pela Europa e pela afirmação de Portugal na Europa", lamentou a eurodeputada socialista Ana Gomes, que se confessou "abaladíssima".

No plano pessoal, "era um queridíssimo amigo e por isso estou com o abalo inconsolável de o saber desaparecido", afirmou, dedicando um pensamento "particular" aos filhos de Miguel Portas "que ele quis muito trazer para o pé dele nestes últimos anos que tinha de vida, quando se soube que estava condenado".

"Era um deputado empenhado, criativo, trabalhador, e é uma perda terrível para Portugal e uma perda muito dolorosa para mim", disse ainda a deputada socialista.

Carlos Coelho, eleito pelo PSD, tomou conhecimento da morte do "colega e amigo" com "pesar e desgosto".

“Independentemente das evidentes diferenças políticas, Miguel Portas, ao longo da sua vida, foi um exemplo de entrega na defesa das causas, dos ideais e dos valores em que sempre acreditou", afirmou. Além disso, vincou, "o Miguel marcou-nos com a sua inteligência, a sua argúcia, a sua combatividade, mas também pelo fino humor e amiga camaradagem".

"Os meus pensamentos estão com a família e todos os que lhe eram mais próximos", disse ainda o deputado do PSD.

"Conheci pessoalmente o Miguel em Bruxelas, neste mandato", contou por seu lado Diogo Feio, eurodeputado do CDS/PP, afirmando que ganhou "imenso respeito intelectual e pessoal" por ele.

Os dois deputados, membros da mesma comissão parlamentar de economia, tiveram a oportunidade de trabalhar juntos em várias propostas e decisões do PE sobre a gestão da crise do euro. "Sempre tivemos um trabalho muitíssimo profícuo, porque em muitas matérias, mesmo estando em lados opostos, não só tínhamos toda a capacidade de dialogar, como até de fazer acordos de natureza política", afirmou Diogo Feio. Em várias matérias "foi possível chegarmos a acordo, também com o grupo [parlamentar GUE que acolhe o Bloco de Esquerda] e tenho a certeza que o Miguel teve um papel preponderante". Aliás, sublinhou, na gestão da crise do euro "acho que ele determinou a linha do Bloco".

"Dei-me muito bem com ele, construí até laços de amizade e acho que é uma grande perda para o Parlamento Europeu, para a política portuguesa e para a sociedade em geral", disse ainda o eurodeputado do CDS.

No plano profissional, Ana Gomes partilhou com Miguel Portas sobretudo "um grande interesse pelas questões do Médio Oriente, do Magrebe e da Primavera Árabe”.

“Era uma área em que tínhamos muita coincidência de pontos de vista. Ele era muito conhecedor de todo o Mundo islâmico e das questões da interacção da religião com todas as lutas políticas, era uma coisa que o interessava muito e ele era muito interessante", conta.

Gianfranco Battistini, porta-voz do Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia (GUE) – onde o Bloco de Esquerda se insere – traduziu o sentimento dos companheiros de bancada do deputado português. "Miguel Portas foi um deputado que trouxe um grande valor acrescentado ao Grupo, à nossa política e ao nosso modo de funcionamento", afirmou. "Foi um deputado sempre muito activo em vários domínios e vai-nos fazer muita falta. E não é só o homem político que nos vai fazer falta, mas também a pessoa, porque ele era uma pessoa verdadeiramente extraordinária", sublinhou, acrescentando: "A nossa solidariedade vai para toda a sua família e todos os seus próximos."

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