Director admite ter havido um pedido de pagamento para viabilizar Freeport

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Ex-responsável do Freeport disse que empresa nunca fez pagamentos a partidos Foto: Rui Gaudêncio

Jonathan Rawnsley, que falava perante o Tribunal do Barreiro através de videoconferência, disse ter tido conhecimento de uma reunião entre o arguido Charles Smith, da Smith & Pedro, e advogados de Lisboa, em que estes falavam numa quantia de “dois milhões de libras esterlinas a pagar a um partido político ou a uma obra de caridade”, como forma de conseguir a viabilização do centro comercial em Alcochete.

Questionado pelo presidente do colectivo sobre se esta verba se destinava a algum ministro do Governo socialista da altura, a testemunha disse que não.

Esta reunião ter-se-á realizado na véspera do despacho ministerial que inviabilizou, pela segunda vez, a construção daquele centro comercial em Alcochete, datado de 6 de Dezembro de 2001.

Jonathan Rawnsley, que várias vezes invocou os anos decorridos sobre os factos para justificar a fraca memória sobre os mesmos, disse ter tido conhecimento daquela reunião através de uma chamada telefónica em alta voz com o seu assistente na altura, Rick Dattani, que classificou de um “júnior, com uma posição hierárquica muito baixa”, e na qual também estaria em linha o arguido Charles Smith.

Sublinhou ainda “não ter levado a sério aquela conversa”, alegando que o Freeport nunca fez pagamentos a partidos políticos “fora ou dentro da Grã-Bretanha”, assim como não fez a obras de caridade. “Mas se alguma vez o tivesse feito, isso constaria das contas da empresa”, afirmou.

Rawnsley acrescentou ainda que aquela conversa não foi transmitida a autoridades superiores do Freeport, uma vez que não a tinham levado a sério além de que não foi considerada como “uma proposta séria”.

O director do Freeport, à data do desenvolvimento do projecto, admitiu ainda ter ficado “surpreendido” com o segundo chumbo, e reconheceu que a substituição da sociedade de arquitetos Promontório pela Capinha Lopes e Associados foi feita nessa altura.

Questionado sobre o porquê da substituição, disse que esta tinha sido feita a conselho do “presidente da Câmara de Alcochete, na altura”, por aquela sociedade já estar “envolvida em projectos locais, e ser mais favorável as autoridades portuguesas lidarem com uma sociedade de arquitectos portugueses”.

Jonathan Rawnsley acrescentou que a Promontorio apenas estava encarregada de pormenores do projecto, enquanto as grandes questões estavam atribuídas à Benoy.

O então director do Freeport também admitiu ter conhecimento de um correio electrónico, enviado por Charles Smith a Rick Dattani depois do segundo chumbo do projecto, em que o primeiro diz que a “Capinha Lopes tem boas relações com o ministro do Ambiente [José Sócrates]”.