Plágio académico do Presidente húngaro leva reitor a demitir-se

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Pál Schmitt resiste às pressões e diz que só a justiça lhe pode tirar o doutoramento Foto: Stoyan Nenov/Reuters

O reitor da Universidade Semmelweis, em Budapeste, Hungria, demitiu-se por considerar que deixara de ter apoio para continuar no cargo. Tovadar Tulassay é assim a primeira baixa no caso de plágio da tese de doutoramento do actual Presidente húngaro, Pál Schmitt.

O líder nacional também está sob pressão, depois de se ter apurado que o doutoramento tinha sido viciado por plágio da tese, mas continua a resistir. Já o reitor da universidade – que acabou por retirar o título a Schmitt, numa decisão anunciada a 29 de Março – abdicou do cargo também por se sentir isolado e incapaz de gerir sozinho as consequências deste caso, de acordo com um comunicado publicado no site da instituição neste domingo e citado pela agência France Presse.

Pouco tempo depois deste anúncio, o Presidente Scmitt – considerado próximo do primeiro-ministro Viktor Orban, conservador – argumentou, em declarações à rádio pública, que só a justiça pode retirar um doutoramento e não a própria universidade.

O senado universitário de Semmelweis considerou que tinha ficado provado que Scmitt plagiou na tese que defendeu há 20 anos naquela instituição e que versava a história dos jogos olímpicos. Para a maioria dos membros do senado, esse trabalho académico "não respeitava nem os métodos científicos nem éticos" exigíveis. Dos 40 membros do Senado, 37 estiveram na reunião que revogou o doutoramento, dos quais apenas quatro votaram contra esta decisão.

Em Janeiro, o semanário húngaro HVG publicou passagens da tese de Sgmitt e que se assemelhavam a uma tradução de um texto em francês escrito por um especialista búlgaro, Nicolai Georgiev.

Na esfera política, o último grande caso de plágio numa tese universitária fez cair do cargo o alemão Karl-Theodor zu Guttenberg, então ministro da Defesa da Alemanha e estrela em ascensão da direita alemã (CDU-CSU).

O comité académico responsável pela investigação do caso que envolve Pál Schmitt concluiu que o documento, de 215 páginas, foi quase integralmente copiado de outros textos académicos. Mas não condena o chefe de Estado que, em 1992, se doutorou em Educação Física (Pál Schmitt, de 69 anos, é um antigo campeão olímpico de esgrima). Se há um culpado, entende o comité, é a universidade – que depois acabou mesmo por revogar o grau concedido.

“O processo [de atribuição] de doutoramento – apesar das referidas falhas – foi formalmente de acordo com a prática da Universidade de Ciências Desportivas, que na altura funcionava de forma independente. O trabalho baseia-se de forma pouco comum em grandes quantidades de texto traduzido na íntegra, o que não se sabia na altura, apesar de isso dever fazer parte do processo. A Universidade de Ciências Desportivas cometeu erros profissionais por não ter descoberto a identidade desses textos a tempo, possivelmente dando a entender ao autor que a sua dissertação preenchia os requisitos”, avaliou o comité, segundo o jornal Budapest Times.

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