Demissão de auditor casado com administradora foi "único acto" possível, diz ministro da Saúde

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Paulo Macedo Foto: Adriano Miranda

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, considerou neste sábado que a demissão de Francisco Pires Manso, marido da presidente da Unidade Local de Saúde da Guarda, Ana Manso, do cargo de auditor interno era o "único acto" possível.

Paulo Macedo, que falava aos jornalistas à margem da inauguração do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, comentou desta forma a polémica que envolveu Ana Manso por esta ter nomeado o marido para auditor interno da unidade que dirige.

A presidente do conselho de administração demitiu na sexta-feira o marido das funções de auditor interno desta unidade de saúde, "em nome da transparência". Para Paulo Macedo, "não havia outro acto a tomar", cita a Lusa.

O governante escusou-se a confirmar se esta demissão foi uma imposição sua, afirmando apenas que a nova legislação sobre a composição dos conselhos de administração deverá mudar também as regras nas nomeações dos auditores internos.

Ana Manso, ex-deputada do PSD e actual presidente do conselho de administração da Unidade Local de Saúde da Guarda, nomeou esta semana o seu marido, Francisco Pires Manso, como auditor interno daquela unidade de saúde. Mas, ao final da tarde desta sexta-feira, depois de uma reunião com o ministro da Saúde, anunciou que o demitiu, "em nome da transparência".

Antes, o deputado António Serrano (PS) considerou a nomeação "um verdadeiro escândalo" e "um favorecimento familiar inaceitável", anunciado que o seu partido iria perguntar ao Governo se revogava a decisão ou se iria demitir Ana Manso das funções de presidente da Unidade Local de Saúde da Guarda.

"Nomeação nunca deveria ter ocorrido"

Para o coordenador do PS para a área da Saúde, "a nomeação nunca deveria ter ocorrido por razões de ética". Até porque, acrescenta, "são da sua responsabilidade os relatórios que avaliam as práticas de boa gestão e que trimestralmente são enviados para o Ministério das Finanças". "Como é que alguém com o grau de proximidade que existe entre os dois está em condições de fazer a fiscalização de uma forma independente?", perguntava o deputado do PS, salvaguardando, embora, não estar em causa a competência de Francisco Pires Manso, administrador hospitalar de carreira.

Poucas horas depois de conhecida a posição do PS, a administração da Unidade Local de Saúde da Guarda emitia um comunicado acusando o deputado socialista de "desconhecimento da lei, má-fé e distorção dos factos", apenas com a "vontade de criar um caso político". O conselho de administração explicava ainda que a nomeação foi decidida "colegialmente", tendo o respectivo despacho a data da última quarta-feira.

Ao final do dia, Ana Manso anunciava ter voltado atrás na nomeação do marido "para assegurar todos os critérios de transparência que se exige às instituições e aos dirigentes de cargos públicos", conforme terá adiantado ao ministro da Saúde, durante a reunião que tiveram.

A antiga deputada do PSD garantia antes da reunião com o ministro que a designação do marido para aquele cargo "cumpriu escrupulosamente todos os procedimentos legais".

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