Senhor da guerra do Uganda visto por 10 milhões num só dia

Foto
Joseph Kony, numa fotografia de 2006, no Sul do Sudão Reuters

Uma campanha lançada por activistas norte-americanos a favor da captura do senhor da guerra ugandês Joseph Kony, e seu julgamento no Tribunal Penal Internacional, tornou-se viral na Internet com mais de 10 milhões de visionamentos em apenas 24 horas no YouTube.

O vídeo, com perto de meia hora e que já estava disponível no Vimeo

há duas semanas, foi feito pela organização não governamental Invisible Children, cujos esforços visam ver Joseph Kony, líder do Exército de Resistência do Senhor (LRA), julgado por crimes contra a humanidade.

Kony é acusado pelo TPI, desde 2005, por rapto sistemático de dezenas de milhares de crianças: os rapazes são transformados em soldados, as raparigas em escravas sexuais, executados uns e outros quando não obedecem, muitos mutilados, com os lábios cortados. Crê-se que as suas forças mataram dezenas de milhares de pessoas no Uganda, na República Democrática do Congo, no Sudão do Sul e na Republica Centro Africana.

Os Estados Unidos classificaram o LRA como grupo terrorista, no pós-11 de Setembro, e em 2008 começaram a apoiar o exército do Uganda com equipas de treino e conselheiros tácticos para a missão de capturar Kony, o qual se crê estar escondido nas zonas de mato já fora do Uganda.

Em Outubro passado, o Presidente norte-americano, Barack Obama, deu luz verde a uma unidade de 100 tropas de combate norte-americanas – na maioria membros das forças especiais, para trabalhar em cooperação com os líderes militares regionais das zonas fronteiriças do Uganda.

O vídeo do Invisible Children espoletou ontem, data oficial de lançamento da campanha, uma atenção sem paralelo, tendo sido visto por dezenas de milhões de pessoas. As palavras Uganda e Kony ascenderam às dez mais repetidas no serviço de microblogging Twitter.

Ao mesmo tempo, gerou também uma vaga de críticas ao próprio grupo de activistas, com acusações de que a Invisible Children gasta apenas 32% do dinheiro que obtém através de donativos (8,6 milhões de dólares só no ano passado) em serviços prestados directamente às comunidades que ajuda. O restante, de acordo com as declarações financeiras da organização, vai para pagamento de salários, despesas de viagem e custos de produção de filmes – como o Kony2012 que agora se tornou viral.

Sugerir correcção
Comentar