Ex-director de Informação da RDP disse à equipa que programa acabava por causa de Pedro Rosa Mendes

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Pedro Rosa Mendes Foto: Miguel Manso

O ex-director de Informação da RDP justificou à sua equipa de sub-directores que o programa de opinião Este Tempo ia acabar nessa semana porque o director-geral assim o queria por causa da crónica crítica de Pedro Rosa Mendes sobre Angola.

De acordo com o antigo director-adjunto de Informação, ouvido esta tarde na Comissão de Ética, o director João Barreiros manteve, numa reunião no dia 24 de Janeiro com os sub-directores, a versão que também lhe dera no dia anterior quando lhe comunicou o fim do programa.

No dia 23 de Janeiro, o então director de Informação João Barreiros disse a Ricardo Alexandre que o programa Este Tempo terminava porque o "director-geral Luís Marinho não queria assinar a renovação dos contratos" dos colunistas do programa. Quando Ricardo Alexandre lhe perguntou a razão, Barreiros respondeu que era por causa de "Pedro Rosa mendes e daquela crónica que fizera sobre Angola".

Ricardo Alexandre afirmou que "pela forma como reagiu durante a conversa", presume que também o próprio João Barreiros só terá sabido da decisão de Luís Marinho nesse dia 23. "Disse-me que em muitos anos de profissão era a primeira vez que lhe pediam para tirar um programa do ar."

Nesse mesmo dia, Ricardo Alexandre contactou os colunistas para os avisar, mesmo que "informalmente". António Granado, que foi o primeiro, soube que a sua crónica desse dia tinha sido a última.

"No dia seguinte houve uma conversa informal entre o director de Informação e três dos quatro sub-directores, em que o motivo Pedro Rosa Mendes e Angola voltou a ser avançado" como explicação para o final do programa, contou Ricardo Alexandre à comissão. Embora não estivesse nesse encontro, isso foi-lhe relatado por dois dos então sub-directores.

No dia 25 realizou-se a reunião semanal da direcção, e Ricardo Alexandre percebeu que as explicações de João Barreiros mudaram. "Quando vi que já não falava de Angola e de Luís Marinho, mas dizia ter sido uma decisão individual, disse ao director que era necessário e importante para salvaguardar a integridade da redacção que tomasse uma posição pública, fosse ela qual fosse, mas apenas enquanto director e não como toda a direcção." Essa posição acabou por ser assumida apenas no dia 3 de Fevereiro, numa mensagem áudio colocada em antena, quando a direcção já se tinha demitido no dia anterior.

Questionado pelos deputados, o ex-director-adjunto garantiu que "jamais" invocou o nome da administração para justificar o fim do programa ou a tutela. "Limitei-me a justificar aos cronistas com a mesma justificação que me foi dada pelo director de Informação." E também disse que nunca usou o termo censura. "Não tenho indicação nenhuma de qualquer intervenção da tutela.

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