Fundador da UGT diz que acordo pode ser “certidão de óbito” desta central sindical

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Foto: Rui Gaudêncio

O antigo secretário-geral da UGT Torres Couto considera que o acordo de Concertação Social que esta central sindical vai assinar hoje poderá ser a sua “certidão de óbito”, caso não haja contrapartidas para os trabalhadores para além das conhecidas.

Por seu lado, a antiga ministra do Trabalho Helena André lamenta que com este acordo se ponha fim à ideia de flexissegurança, que tinha sido uma das bandeiras dos governos PS de José Sócrates, enquanto Carvalho da Silva realça que o documento mostra que o Estado está apenas ao serviço dos empresários.

“Custa-me a aceitar que uma central sindical avalize um conjunto de medidas, todas elas viradas contra aqueles que representa”, disse Torres Couto ontem à tarde na TVI24. “Sempre tive a concepção de um acordo como um exercício de contrapartidas para todos os lados sentados numa mesa, anotou.

“Se efectivamente nas 50 páginas do acordo não houver contrapartidas específicas àquilo que foi noticiado como grandes consensos obtidos, penso estar mais perto da posição da CGTP do que da posição da central sindical que ajudei a fundar, disse ainda.

Para Torres Couto, a UGT ficará numa “situação extremamente delicada” caso haja “manchas alargadas de contestação nos locais de trabalho a este acordo”. “Poderá ser uma certidão de óbito para a central sindical”, avisou.

Segurança dos trabalhadores “diminuída nalgumas partes”

“É dos primeiros acordos de concertação social onde a questão da segurança dos trabalhadores não é reforçada. Pelo contrário, é diminuída nalgumas partes”, disse a antiga ministra, que antes foi sindicalista e agora é deputada do PS.

“De facto, se há alguma coisa a lamentarmo-nos é o facto de aquele debate que temos tido ao longo dos últimos anos sobre a necessidade de equilibrar flexibilidade com segurança ter sido abandonado neste acordo”, sublinhou, em declarações à TSF.

O secretário-geral da CGTP, central sindical que não subscreveu este acordo, afirmou que este acordo de concertação social mostra que o Estado está apenas ao serviço dos empresários, numa entrevista no programa Terça à Noite, da Rádio Renascença.

“O poder privado já deitou mão do poder político. Quer dizer, os detentores do poder económico e financeiro já deitaram mão do poder político, e chegam ao ponto de escrever isto (…). É que os interesses do Estado, os meios do Estado, as disponibilidades do Estado são para servir as estratégias das empresas e não para cumprir o Estado social”, disse.

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