França e Alemanha declaram-se solidárias após ameaça de descida maciça de ratings da zona euro

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Foto: John Schults/ Reuters

A França e a Alemanha declararam-se ”plenamente solidárias” e “confirmam a sua vontade de tomar todas as decisões necessárias” para “assegurar a estabilidade da zona euro”, após a agência de notação financeira Standard & Poor´s ter ameaçado baixar a nota (rating) AAA da França e da Alemanha.

Esta foi uma primeira e discreta reacção franco-alemã ao anúncio por aquela agência de que poderá baixar a nota, não só daqueles dois países, mas também dos restantes quatro Estados do euro com nota triplo-A e ainda de outros países (num total de 15 dos 17 que integram a moeda única europeia).

No comunicado, difundido ontem à noite pela presidência francesa poucas horas depois de ser conhecida a posição da Standard & Poor´s (S&P), diz-se que “a França e a Alemanha tomaram nota da perspectiva de reexame” por esta agência “da notação de vários Estados-membros da zona euro”.

Os dois países “reafirmam a sua convicção de que as propostas hoje [segunda-feira] apresentadas pelos dois governos sobre a coordenação política, económica e orçamental reforçam a zona euro e incrementarão a estabilidade, a concorrência e o crescimento”, adianta o documento.

Já hoje, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé veio dizer que o compromisso franco-alemão anunciado ontem por Nicolas Sarkozy e Angela Merkel é “a resposta” às inquietações da S&P.

Alain Juppé disse também, citado pela AFP, que as autoridades francesas tinham sido prevenidas de que a agência iria tomar esta posição, ainda antes do encontro entre Merkel e Sarkozy onde foi anunciado o entendimento de ambos para tentarem resolver a crise do euro.

“O que me espanta é o momento deste anúncio: nós sabíamos ontem de manhã o que se ia passar e a Standard & Poor´s não sabia o que se ia passar durante o dia, quer dizer, o acordo franco-alemão”, disse ainda Juppé.

Na Alemanha, alguns responsáveis parecem ter sido apanhados de surpresa pelo anúncio da S&P. Um dos dirigentes da CDU (o partido da chanceler Angela Merkel), Michael Fichs, disse à edição on-line do diário Die Welt que via “um cálculo de ordem política por trás deste anúncio” da agência norte-americana, que pretenderá assim desviar as atenções dos problemas de endividamento dos EUA. “A dívida dos EUA ultrapassa a de toda a zona euro”, indignou-se o número dois do grupo parlamentar da CDU.

O Süddeutsche Zeitung, grande diário de centro-esquerda, diz que “nem os alunos modelo estão a salvo”.

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