A desobediência civil na Internet voltou a ter como alvo o site do PSD-Lisboa, duas semanas após um ataque levado a cabo pelo colectivo LulzSec Portugal. Desta vez, a página foi invadida pelos Anonymous Adolescentes, um novo grupo de hackers, que não é tão anónimo quanto se anuncia.

Os Anonymous Adolescentes estão reunidos no Facebook, num grupo fechado com o mesmo nome. Apesar de o conteúdo dessa página comunitária naquela rede social estar apenas disponível a utilizadores convidados, os nomes e as fotografias de cada um dos 19 elementos do grupo são públicos. Incluindo os dois administradores do grupo.

As definições de privacidade de um deles, André Gouveia, não permite que se conheça a sua idade ou de onde é. Mas no seu mural é possível ver que André Gouveia sugeriu na página #acampadaporto, a 7 de Outubro, que se fizesse uma acampada no Porto a 15 desse mês, tal como estava agendado para Lisboa.

A iniciativa anterior dos Anonymous Adolescentes visava a EB 2/3 de Gueifães, freguesia da Maia, no distrito do Porto. O grupo gravou e publicou um vídeo, a 12 de Novembro, com reivindicações dirigidas aos responsáveis daquela escola, frequentada por alguém que se identifica como Claudinhah Maia, a outra administradora do grupo fechado no Facebook.

Um outro membro do grupo integra o projecto de Hip Hop R8 MC, também da Maia. O que faz com que o concelho nortenho aparente ser o espaço físico comum dos Anonymous Adolescentes. No entanto, os dados pessoais disponibilizados pelos próprios no Facebook indicam que há participantes de Lisboa, do Alentejo e mesmo de fora do país.

O grupo invadiu o site do PSD-Lisboa para publicar a seguinte mensagem: “Estamos aqui em nome de toda a população a reivindicar justiça e fim à corrupção!”. A iniciativa foi anunciada no blogue Anonymous Adolescentes, às 16h05 de ontem, sexta-feira. Tanto o blogue como a mensagem são assinados por três pseudónimos – “v3nd3tt4”, “4b0y” e “z3r0 c00L” –, que, a tomar por verdadeiras as informações dos perfis no Facebook, não bastam para esconder as identidades destes hackers, que cometeram um crime punível por lei.

Já neste sábado, o

foi atacado pelo LulzSec Portugal, o mesmo grupo de

que

atacou os sites do PSD-Lisboa, do Freeport, da Equipa de Recursos e Tecnologias Educativas (que pertence ao Ministério da Educação) e, alegadamente, da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa.

O site continua navegável se a porta de entrada for uma página que não a primeira. Na homepage da Águas de Portugal, de onde não se pode entrar para o resto do site, encontra-se a imagem associada ao grupo (um boneco de fato e copo na mão, com a bandeira portuguesa ao fundo e o logótipo do movimento Anonymous no topo), com uma tabela por baixo onde se lêem os valores das remunerações fixas, dos prémios de gestão e das “outras regalias” auferidas pelo conselho de administração daquela empresa pública.

“E que tal começarem a fazer cortes nesses salários de luxo? Já é tempo de acabarem com essa palhaçada do povo ter que 'apertar o cinto' quando os salários desta gente são milionários”, lê-se em rodapé, depois de se citar integralmente uma notícia do Expresso, publicada a 4 de Julho de 2008, cujo título é: “Águas de Portugal deu prémios apesar dos prejuízos”.