Voos do aeroporto de Beja custaram 400 mil euros à Agência de Promoção do Alentejo

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Rui Gaudêncio

Até anteontem, o aeroporto de Beja viveu de um voo para Cabo Verde e uma operação charter (Londres/Beja) que custou 400 mil euros à Agência de Promoção Turística do Alentejo (APTA). O custo foi revelado por Mário Simões, presidente da distrital do PSD de Beja, em declarações ao PÚBLICO. Com tão "fraco" desempenho, diz o dirigente social-democrata que se exige a "demissão imediata" da administração da ANA - Aeroportos de Portugal, que gere este aeroporto inaugurado em Maio deste ano.

Vítor Silva, presidente da APTA, admite que a operação da Sunvil Discovery com os voos charter Londres/Beja, "foi uma participação de risco" com o único operador que concorreu ao concurso lançado "para projectar a região no Reino Unido". O resultado, em termos de transporte de passageiros, ficou abaixo de um milhar: quando faltava realizar um dos 22 voos, aquela infra-estrutura tinha registado 798 passageiros movimentados em quatro meses e meio.

Pese embora o facto de a capacidade média dos 22 voos realizados ter ficado "abaixo dos 50 por cento" e "cada passageiro que aterrou em Beja ter ficado caro", Vítor Silva diz que a promoção feita se traduziu num crescimento de "quase 50 por cento" de turistas ingleses na região nos primeiros cinco meses de 2011.

O aeroporto ficou concluído em Novembro de 2009, mas ainda subsiste uma dívida de 8,2 milhões de euros à banca e a um empreiteiro envolvido na obra, disse por seu lado José Queiroz, presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB). A EDAB é uma das empresas a extinguir até ao final deste ano.

José Queiroz diz que a dívida dos 8,2 milhões foi contraída "porque falhou a verba" do plano de investimentos do Estado (PIDDAC). Esta fonte de financiamento iria pagar "30 por cento" do investimento total efectuado na construção do equipamento. O presidente da EDAB referiu ainda que o anterior Governo "obrigou" a empresa a "responsabilizar-se por uma obra rodoviária que custou dois milhões de euros".

Quanto à certificação, que valida a utilização civil do aeroporto de Beja, continua adiada. A ANA sustenta que o processo possa estar concluído no primeiro trimestre de 2012.

Fora do plano estratégico

O Plano Estratégico dos Transportes (PET) aprovado pelo actual Governo para o período entre 2011 e 2015 e que estabelece os princípios orientadores da actuação do Ministério da Economia no sector das infra-estruturas e transportes, não faz referência ao aeroporto de Beja. O documento especifica que a ANA Aeroportos de Portugal, SA desenvolve a sua actuação na gestão da rede de sete aeroportos nacionais: Lisboa, Porto, Faro, Ponta Delgada, Santa Maria, Horta e Flores.

A ausência de qualquer menção reacendeu as críticas das forças políticas regionais por causa da continuada indefinição que paira sobre este novo equipamento. O deputado socialista pelo círculo de Beja, Pita Ameixa, acredita é um importante "pólo de desenvolvimento", mas adverte para as consequências negativas se o actual Governo "não tirar partido da obra" que o anterior Executivo ergueu junto às instalações da Base Aérea n.º 11, nos arredores de Beja.

Para o deputado comunista João Ramos, a omissão do aeroporto de Beja no PET "é bastante preocupante". Pode ser "um lapso lamentável" ou um sinal revelador de que tanto o Governo como a ANA "não contam com o aeroporto de Beja" na rede de aeroportos nacionais. Também Jorge Pulido Valente, presidente da Câmara de Beja (PS), se insurge contra a omissão, o que pode querer dizer que "o Governo está sem estratégia e sem objectivos" para o aeroporto alentejano.

Ontem chegaram 144 alemães

Pouco mais de 140 passageiros aterraram ontem no aeroporto de Beja a bordo do primeiro de oito voos charter da operação que o Grupo Vila Vita realiza durante este mês e em Novembro para transportar turistas alemães até Portugal. O avião Boeing 737-700 da companhia aérea alemã Airberlin, proveniente de Estugarda, na Alemanha, aterrou por volta das 13h no aeroporto de Beja com 144 passageiros, todos funcionários do Vila Vita, que vão estar três dias em Portugal e passar por duas unidades hoteleiras do grupo, uma no Alentejo e outra no Algarve.

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