Fabricante dos BlackBerry já foi uma estrela, mas hoje luta pela sobrevivência

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Resultados e preço das acções da RIM têm vindo a cair Reuters

Outrora um ícone dos smartphones, a canadiana Research In Motion (RIM), que fabrica os telemóveis BlackBerry, está com dificuldades em acompanhar os tempos: o mercado está voltado sobretudo para o iPhone e para os múltiplos Android e a entrada no novo segmento dos tablet, com um aparelho chamado PlayBook, foi decepcionante.

Nos EUA, o mercado em que historicamente a RIM é mais forte, a quota de utilização dos BlackBerry está em queda. Este mês, segundo dados da ComScore, a RIM tinha perto de 20% do mercado, uma descida de cinco pontos percentuais face aos números de Maio. O segmento é liderado pelos vários Android e em segundo lugar está a Apple. A nível mundial, de acordo com informação da Gartner, a fatia da RIM era de 11,7% no segundo trimestre deste ano - estava nos 18,7% um ano antes. Na Europa, a empresa cresce ligeiramente (ver caixa), mas a plataforma BlackBerry está atrás de quase toda a concorrência.

No Nasdaq, as acções da RIM caíram 65% para 23,61 dólares desde 17 de Fevereiro, o dia em que atingiram o pico deste ano. No último resultado trimestral, os lucros tinham descido para 419 milhões de dólares (302 milhões de euros), menos 47% face ao trimestre anterior.

Problema de adaptação

A RIM está a sofrer o problema de falta de adaptação à era que arrancou com o iPhone, em 2007. É o mesmo que está a acontecer à Nokia, explica Horace Dediu, ex-analista de mercado da fabricante finlandesa e que agora tem a sua própria firma de análise.

"Há muitos anos, a RIM definiu o smartphone como uma ferramenta de mensagens", diz Dediu, referindo-se ao sistema que permite trocar mensagens gratuitas entre utilizadores. "Já a Nokia posicionou os smartphones em torno das câmaras e do consumo de media. Depois, o iPhone redefiniu o mercado. Primeiro em torno de navegar na Web e depois em torno de aplicações

" Enquanto esta mudança acontecia, a RIM "não foi capaz de avançar para lá do conceito de troca de mensagens" - e mesmo isto sofreu esta semana um abalo de credibilidade, quando uma falha técnica impediu milhares de utilizadores em vários países de usar o sistema de emails e de mensagens, ficando restritos a chamadas e SMS convencionais

Os responsáveis da RIM têm defendido trunfos como a duração da bateria e, especialmente, o teclado físico. É a imagem de marca dos BlackBerry e está presente na maioria dos modelos. Mas os BlackBerry não se encaixam naquilo que fabricantes e operadores de comunicações definem hoje como smartphone:um telemóvel que prescinde de teclado em favor de um grande ecrã, onde é possível ver fotos, vídeos, jogar e navegar melhor.

"Não foram rápidos a ter um bom browser e ainda não são uma boa plataforma de aplicações", lembra Dediu. "O problema é um fosso cultural entre a empresa e o mercado. Ouvimos histórias de ex-funcionários sobre os longos debates internos. Mas quando a empresa percebe o que está a acontecer, já é tarde".

Neste cenário, Mike Lazaridis e Jim Balsillie, os dois CEO, têm sido criticados pelos media e por analistas (em parte, por dividirem a chefia, modelo de gestão que é raro). Vários analistas de mercado já afirmaram que a solução pode passar por alienar uma parte da empresa. Recentemente, surgiram rumores sobre o interesse do investidor Carl Icahn em comprar uma participação, o que poderia levar a uma mudança na gestão (Icahn tem um historial de comprar acções de empresas em apuros).

"A empresa precisa de um conselho de administração mais duro, mas não sei se ter Icahn a bordo seria suficiente", diz Alastair Sweeny, um canadiano que há dois anos escreveu um livro sobre a história da RIM. Sweeney argumenta que os CEO deviam "começar a levar a sério os problemas que estão a afectar os funcionários" - a RIM tem visto sair vários executivos de topo -, mas mostra-se optimista: "Há muito espaço no mercado dos smartphones. A RIM tem dinheiro e pode competir em todo o mundo. Se cortarem a burocracia e se tornarem mais ágeis, regressam aos lucros" a que estavam habituados.

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