Funcionários da YDreams queixam-se de salários e subsídios de férias em atraso

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António Câmara foi o primeiro empresário português a ser distinguido com um Prémio Pessoa Foto: Nuno Ferreira Santos/arquivo

A empresa tecnológica portuguesa YDreams, que facturou um pouco abaixo dos 10 milhões de euros em 2010, estará atrasada no pagamento de salários e subsídios de férias. A notícia foi avançada ontem pela Lusa, que cita funcionários da empresa. O PÚBLICO tentou contactar o CEO da empresa, António Câmara, sem sucesso.

Os subsídios de férias já estão em atraso desde Junho, pelo menos, estando também por pagar metade dos salários de Agosto, confirmaram funcionários da empresa à Lusa.

Contactado ontem telefonicamente pela agência noticiosa, António Câmara disse: "Nesta altura não quero fazer comentários". O departamento de comunicação da empresa frisou ao PÚBLICO que a postura se mantém hoje: não comentar.

António Câmara foi o primeiro empresário português a ser distinguido com um Prémio Pessoa e foi considerado pela Comissão Europeia como um dos empreendedores do ano em 2009.

A YDreams tem 150 empregados e escritórios espalhados por Espanha, Brasil (São Paulo e Rio de Janeiro) e Estados Unidos (Austin, Texas). A sede está na Costa da Caparica, onde a empresa foi fundada em 2000.

A história da YDreams é um caso de sucesso internacional. Desde a sua fundação que a empresa já criou quatro spin-off - YVision, Ynvisible, YDreams Robotics e YDreams Atlantic - uma das quais cotada na Bolsa de Frankfurt (Ynvisible). António Câmara assume, porém, que tem como objectivo colocar a YDreams cotada, até 2014, em bolsas na Europa e no índice tecnológico Nasdaq (EUA).

Numa entrevista recente ao “Computer World”, António Câmara revelou que a YDreams facturou um pouco abaixo de 10 milhões de euros em 2010 e que prevê, para 2011, “com expressa certeza, um volume de negócios acima desse valor”.

O mais recente spin-off do grupo é a YDreams Atlantics, com sede nos Açores, que foi fundada em Agosto último. Com ela a YDreams pretende apostar na criação de robôs para a exploração do fundo oceânico.

Já a Ynvisible está voltada para os ecrãs “multi-sensing” e flexíveis e para o papel electrónico. No que toca à Yvison, este braço da YDreams aposta num software freemium de interfaces naturais para o utilizador (coisas como simulação de fenómenos físicos e realidade aumentada), ao passo que a YDreams Robotics quer massificar a utilização de robôs. Ou seja, a empresa quer criar software e hardware capaz de pôr no mercado robôs a baixo custo.

No seu conjunto, a YDreams tem clientes em todo o mundo, nomeadamente multinacionais como a Nokia, a Coca-Cola ou a Adidas.

A YDreams é considerada uma empresa modelo para trabalhar e, à semelhança do Google, dá liberdade aos seus funcionários para se dedicarem aos seus projectos individuais e estimula a criatividade autodidacta (alguns funcionários formaram uma banda de “rock” e outros chegam a ir surfar durante o dia).

Esta filosofia enquadra-se no método de trabalho de António Câmara, licenciado em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico e com um PostDoc no MIT (Massachusetts Institute of Technology), que sempre jogou ténis (jogou na Selecção Nacional) durante a faculdade e que deu liberdade às suas paixões.

Numa entrevista recente ao “Computer World”, António Câmara frisou a importância de pensar “fora da caixa”. “O nosso sistema de ensino não incentiva as pessoas a desenvolverem paixões. A paixão organiza-nos a vida. As pessoas com paixão pelo que fazem têm outro rendimento. Seguem padrões de qualidade", defendeu.

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