Amazon lança tablet e aposta em Kindles de preço reduzido
Esta é a primeira vez que a Amazon apresenta Kindles abaixo dos 100 dólares, numa estratégia para fazer crescer ainda mais o negócio de livros electrónicos em que tem apostado com sucesso.
O modelo mais barato custa agora 79 dólares e não tem um ecrã sensível ao toque (o que a empresa descreveu como uma vantagem para quem não quer dedadas no ecrã). “Vamos vender milhões destes”, antecipou o presidente e fundador da empresa, Jeff Bezos, numa conferência de imprensa em Nova Iorque.
Com um peso de 170 gramas e desenhado para poder ser guardado num bolso, o novo Kindle vai apelar sobretudo aos utilizadores que queiram um aparelho simples de leitura.
A Amazon mostrou ainda um modelo que custa 99 dólares e que tem um ecrã sensível ao toque e um Kindle de 149 dólares, que integra ligação 3G gratuita em vários países.
Todos os preços são para aparelhos com publicidade incluída, um sistema que a Amazon já tinha integrado este ano num dos modelos anteriormente à venda: quando não está a ser usado, o ecrã do aparelho mostra anúncios publicitários. Para modelos sem publicidade, os preços sobem.
Para Portugal, porém, só está por agora disponível o modelo mais barato, na versão sem publicidade. Custa 122 euros.
A Amazon nunca divulgou os números de venda dos sucessivos modelos de Kindle (o primeiro foi lançado em 2007). A empresa avança apenas que é o produto da Amazon mais vendido e em Maio deste ano as vendas de livros electrónicos ultrapassaram pela primeira vez as de livros impressos. Hoje, Bezos anunciou já ter vendido mais de um milhão de livros para o Kindle.
Concorrer com a AppleComo já era antecipado há muito, a livreira decidiu entrar no mercado dos
tablets
– que são também usados para a leitura de livros.
O tablet mostrado hoje chama-se Kindle Fire e tem um ecrã de sete polegadas a cores e que emite luz (contrariamente aos ecrãs de tinta electrónica dos outros Kindle). Está equipado com o sistema Android, que é a principal plataforma a concorrer com a Apple. Tal como muitos outros fabricantes fizeram, a Amazon desenhou uma interface própria para o seu aparelho. Para já, não pode ser encomendado a partir de Portugal.
O Fire é o último elo da estratégia que a empresa tornou clara este ano. Em Março, a empresa já tinha lançado uma loja de aplicações para Android independente do Android Market (que é do Google) e um sistema de armazenamento de música vocacionado para aparelhos com este sistema. Para além disto, tem um serviço para guardar qualquer tipo de ficheiros online e torná-los acessíveis em telemóveis, tablets e computadores.
O aparelho não tem especificações técnicas comparáveis às do iPad, que é o mais vendido dispositivo deste género e a referência no sector. Mas, nos 199 dólares, custa menos de metade do preço do iPad mais barato e a integração com os vários serviços da Amazon pode aliciar consumidores.
Este tablet vem completar o conceito de que os utilizadores podem guardar praticamente tudo na “nuvem” de servidores da Amazon e aceder a partir de um tablet com ligação à Internet. “Esse modelo em que somos responsáveis por guardar todo o nosso conteúdo é um modelo falhado”, argumentou Bezos, numa referência ao sistema da Apple, em que os utilizadores têm de transferir os ficheiros do iPad, iPhone ou iPods para o computador e vice-versa.
A entrada da Amazon no mercado dos tablet é um desafio diferente para a Apple do que o actualmente colocado pela torrente de fabricantes que se lançaram no segmento, como a Samsung, HTC e Asus, e que estão longe do ritmo de vendas do iPad.
Enquanto a actual concorrência da Apple tem um modelo de negócio assente na venda de aparelhos, a Amazon vende também conteúdos, o que inclui, para além de livros, assinaturas de jornais e revistas, bem como, nos EUA, filmes e música.
Por outro lado, a Amazon tem uma política de vendas exclusivamente online, o que tende a ser prejudicial em aparelhos de electrónica, onde potenciais compradores gostam de experimentar antes de comprar (a Google acabou por fechar a loja online onde vendia em exclusivo o seu primeiro telemóvel Android e desistir desse modelo).
O mercado dos tablets, porém, tem sido duro para alguns fabricantes que tentaram seguir no caminho aberto pela Apple. A HP anunciou em Agosto que ia desistir do sector, menos de dois meses depois de ter colocado à venda o seu primeiro tablet. Já a Research In Motion, que produz os telemóveis BlackBerry, decepcionou investidores ao apresentar vendas de apenas 200 mil unidades do seu PlayBook nos primeiros três meses.
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