Expectativas elevadas para apresentação de tablet da Amazon

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A Amazon tem apresentado o Kindle como um aparelho de leitura superior ao iPad Eric Thayer/Reuters

A Amazon agendou uma conferência de imprensa para quarta-feira, sem adiantar detalhes. Mas o provável lançamento de um tablet Android por parte da empresa que popularizou os livros electrónicos já criou grande expectativa.

Em Junho, o Wall Street Journal já tinha avançado que a Amazon estava a preparar um tablet. No início deste mês, foi a vez de o site TechCrunch noticiar que se tratava de um modelo com sistema Android e cujo preço, no mercado americano, rondaria os 250 dólares, aproximadamente metade do iPad mais barato.

Agora, os analistas são consensuais em afirmar que quarta-feira é o dia em que a Amazon vai entrar no mercado liderado de forma destacada pela Apple.

“Quarta-feira é dia de tablet”, afirmou à agência Reuters um analista da consultora BCG. Já um outro analista, da JP Morgan, escreveu, numa nota no início deste mês, acreditar que “a entrada da Amazon no mercado dos tablet poderá ser um golpe no mercado dos tablet que não são da Apple”. Ao New York Times, um analista do Barclays também deu a hipótese como certa e opinou que “o facto de a Amazon estar a fazer um investimento tão grande pode fazer a Apple voltar ao mercado com um preço mais reduzido”.

Segundo a informação adiantada pelo TechCruch no início do mês, o aparelho terá um terá um ecrã, a cores, sensível ao toque e de sete polegadas (o iPad tem cerca de dez polegadas e a versão mais pequena dos Kindle tem um ecrã de seis polegadas). Os actuais Kindle – nome que em princípio também será dado ao novo aparelho – usam um ecrã de tinta electrónica em tons de cinzento. O New York Times diz que se seguirá um modelo com ecrã de dez polegadas.

A Amazon tem desenvolvido serviços com base na plataforma Android e a comercialização de um tablet com este sistema era há muito antecipada.

Em Março, a empresa lançou uma loja de aplicações para Android, independente do Android Market (do Google), chamada Appstore (nome que desencadeou um processo por parte da Apple). No final do mesmo mês, apresentou um serviço de alojamento de música, que pode ser ouvida directamente no browser ou numa aplicação para Android, sem necessidade de descarregar o ficheiro.

Concorrência diferente

A entrada da Amazon no mercado dos tablet é um desafio diferente para a Apple do que o actualmente colocado pela torrente de fabricantes que se lançaram no segmento, como a Samsung, HTC e Asus, e que estão longe do ritmo de vendas do iPad.

Enquanto a actual concorrência da Apple tem um modelo de negócio assente na venda de aparelhos, o negócio da Amazon é a venda de livros – e este novo tablet poderá ser comercializado a um preço relativamente reduzido (eventualmente, com a Amazon a perder dinheiro em cada aparelho vendido), com o objectivo de impulsionar a venda de livros electrónicos, tal como aconteceu com os leitores Kindle, cujos preços foram descendo desde que a primeira versão foi lançada, em Novembro de 2007.

Actualmente, o Kindle mais barato (que mostra publicidade quando não está a ser usado) custa 114 dólares (e está disponível apenas nos EUA); o mesmo modelo sem publicidade custa 151,40 euros se encomendado a partir de Portugal. Em Maio, a venda de livros electrónicos para o Kindle ultrapassou pela primeira vez a de livros em papel.

Os tablets são usados para vários tipos de actividades (desde navegar na Web a jogar) e o próprio Steve Jobs apresentou o iPad, logo no lançamento, em Janeiro de 2010, como um dispositivo de leitura – os utilizadores de iPad, iPhone e iPod Touch têm hoje acesso a uma biblioteca digital de livros gratuitos (nos EUA, é possível comprar livros).

Desde então, em vários anúncios publicitários, a Amazon tem apresentado o Kindle como um aparelho de leitura superior ao iPad, usando os argumentos da bateria de longa duração e do ecrã de tinta electrónica que, por não emitir luz, pode ser lido sem problemas sob luz directa forte, como a do Sol.

O Kindle também é usado para ler, e assinar, revistas e jornais, algo em que também concorre com o iPad.

Liderança duradoura

A analista de mercado Gartner publicou no dia 22 uma nota em que estima que a liderança da Apple vai continuar. A empresa projecta que o iPad tenha 73,4% do mercado no final deste ano, com 17,3% a serem Android.

O número é uma descida em relação aos 83% registados no ano passado e a Gartner estima que a Apple continue a perder quota de mercado, embora se mantenha na liderança até 2015, último ano das projecções apresentadas, onde rondará os 45,5%.

O mercado dos tablets tem sido duro para alguns fabricantes. A HP anunciou em Agosto que ia desistir do sector, menos de dois meses depois de ter colocado à venda o seu primeiro tablet. Já a Research In Motion, que produz os telemóveis BlackBerry, decepcionou investidores ao apresentar vendas de apenas 200 mil unidades do seu PlayBook nos primeiros três meses.

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