Durão Barroso pede um “novo momento federador” na Europa para resolver a crise do euro

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Durão Barroso Vincent Kessler/Reuters

Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, apelou hoje a um aprofundamento da integração europeia através de “um novo momento federador” que permita ultrapassar de vez a crise do euro, “o desafio mais grave da actual geração”.

Barroso, que se exprimia durante um debate em curso no Parlamento Europeu sobre a crise do euro, rejeitou igualmente com firmeza que a solução para os actuais problemas seja uma mera cooperação entre os governos baseada na regra das decisões por unanimidade.

“O sistema baseado apenas na cooperação intergovernamental não funcionou no passado e não funcionará no futuro”, defendeu Barroso. Neste modelo, sublinhou, as franjas eurocépticas num país podem paralisar a definição de uma posição nacional levando em consequência o respectivo governo a bloquear as decisões europeias.

Desta forma, defendeu, “a única forma de parar o actual ciclo negativo é ter mais integração (...) baseada no método comunitário”, ou seja, em que as instituições europeias – Comissão Europeia e Parlamento Europeu têm um papel central.

Mais, prosseguiu o presidente da Comissão, perante os aplausos dos deputados: “o que precisamos é de um novo impulso, um novo momento federador” da Europa.

Barroso salvaguardou no entanto que não se pode confundir a necessidade de aprofundar a integração europeia com a solução dos problemas mais imediatos, que enumerou: o cumprimento, por parte da Grécia, do programa de reformas com que o seu governo se comprometeu em troca de assistência externa, a aprovação urgente por parte dos governos e do Parlamento Europeu de um vasto pacote legislativo que está em discussão há mais de um ano para reforçar a governação económica europeia e a aprovação pelos parlamentos nacionais de uma série de medidas de flexibilização do fundo de socorro do euro que foram aprovadas pelos líderes da zona euro em Julho.

Além disso, defendeu, os governos têm de explicar melhor aos seus cidadãos os benefícios da moeda única. A afirmação dirige-se implicitamente à Alemanha, Holanda ou Finlândia, cujas opiniões públicas resistem cada vez mais aos programas de ajuda aos países mais frágeis muitas vezes em resultado da postura crítica dos respectivos governos.

Barroso lembrou por outro lado que, tal como já tinha anunciado antes do Verão, a Comissão apresentará brevemente um conjunto de "opções" sobre os diferentes possíveis modelos de funcionamento das chamadas "euro-obrigações" - através das quais os países do euro poderão emitir dívida pública de forma conjunta, um tema caro a grande parte dos eurodeputados, mas rejeitado sobretudo pela Alemanha. Mas avisou: as euro-obrigações "não resolverão os problemas mais urgentes" da zona euro.

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