Perfil: Tim Cook, o novo CEO da Apple

O estatuto de estrela de Steve Jobs deu lugar ao rosto quase descon­hecido de um exec­u­tivo que é con­sid­er­ado um mestre precisa­mente nas áreas da empresa que mais pas­sam des­perce­bidas, como a gestão de “stocks” e o planea­mento de vendas. Artigo publicado originalmente em Fevereiro de 2009 e actualizado a 25 de Agosto de 2011.

Timothy D. Cook, 50 anos, até aqui director de operações (COO) da Apple, estava há muito posicionado para suceder a Jobs.

Contratar Cook foi uma das primeiras medidas de Jobs quando regressou, em 1997, ao lugar de CEO da empresa que fundara e da qual tinha sido praticamente expulso. A Apple estava perto da falência e Jobs costuma receber os louros de a ter resgatado. Mas Tim Cook, que tinha 16 anos de experiência em empresas de tecnologia como a IBM e a Compaq, foi uma peça fulcral (e quase sempre ignorada pelos media) na recuperação.

Cook é um trabalhador metódico, notava há dois anos um perfil no Washington Post, para o qual foram entrevistados vários ex-colegas do executivo. Mas não é menos exigente do que o próprio Jobs. Durante anos, teve o hábito de telefonar aos domingos aos colaboradores próximos para preparar a semana de trabalho. E não é surpresa para nenhum executivo na Apple receber emails de Cook às 4h30 da manhã.

Foi logo em 1998 que o agora CEO começou a ganhar o estatuto de número dois dentro da empresa. Desde então, somou responsabilidades: por exemplo, negociou com as principais operadoras de telecomunicações a comercialização do iPhone e planeia a nível global a venda de produtos.

Em 2004, quando Jobs foi operado a um cancro pancreático, Cook assumiu durante dois meses o cargo de presidente executivo. Foi também nessa altura que agarrou as rédeas da mais histórica área da empresa: a dos computadores Macintosh.

O iPod e a música do iTunes podem ser os negócios que fizeram com que a Apple entrasse com o pé direito no século XXI e no mundo do entretenimento digital (e Cook também tem nisso a sua dose de responsabilidade). Mas tudo começou com os Macintosh, precisamente a área que Jobs escolheu dirigir no início da década de 80, quando os então jovens fundadores contrataram um CEO experiente. Chefiar a “secção Macintosh” tem na Apple um peso simbólico.

Em 2009, com Jobs de novo de baixa médica para fazer um transplante de fígado, Cook ficou de novo ao leme da empresa, tal como voltou a acontecer no início deste ano, quando Jobs se ausentou numa nova baixa.

Cinco anos mais novo do que Jobs, Cook é um entusiasta do exercício físico (talvez por isso faça também parte do conselho de administração da Nike). Frequenta o ginásio, faz caminhadas, é um adepto do ciclismo – e a energia do desportista nota-se no desempenho do gestor.

Uma reunião típica com Cook, contava a revista Fortune em Dezembro de 2008, pode durar horas, durante as quais o executivo bombardeia metodicamente os subordinados com perguntas, ao mesmo tempo que vai comendo barras energéticas em catadupa.

É dos primeiros a chegar ao trabalho e dos últimos a sair. Está sempre pronto para viagens ou teleconferências a qualquer hora do dia. E espera que os outros também estejam.

Cresceu numa das poucas cidades do estado do Alabama que têm ligação ao mar. O pai trabalhava nas docas, a mãe era dona de casa e Cook tirou um curso de engenharia numa universidade de segunda linha.

Hoje, é multimilionário. Mas, contava a Fortune, quem o conhece garante que não aparenta riqueza. Tal como Jobs, tem por hábito andar de calças de ganga e sapatilhas (Nike, neste caso) — o que, de resto, é o traje de quase todos os executivos de topo da empresa.

É também pouco social, refere quem estudou ou trabalhou com ele. Contrariamente a Jobs, é muito introvertido e pouco se sabe da sua vida pessoal.

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