Escândalo das escutas: Cameron encurta viagem a África e pede reunião no Parlamento

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Cameron reuniu-se esta manhã com o Presidente sul-africano, Jacob Zuma Christopher Furlong/Reuters

O primeiro-ministro britânico, pressionado pelo cada vez mais avassalador escândalo das escutas, decidiu encurtar uma viagem a África e pediu o prolongamento da sessão legislativa, a fim de poder responder na quarta-feira aos deputados que questionam a sua proximidade ao império mediático de Rupert Murdoch.

"Pedi ao Parlamento para se reunir mais um dia, na quarta-feira, para que eu possa fazer uma outra declaração [sobre o escândalo] e informar os Comuns sobre os últimos desenvolvimentos do inquérito”, anunciou David Cameron, numa conferência de imprensa em Pretória. A África do Sul era a primeira etapa da primeira visita de Cameron à região e que deveria também incluir paragens no Ruanda e Sudão.

A deslocação foi encurtada de quatro para dois dias, passando a incluir apenas uma deslocação à Nigéria, face ao avolumar de um caso que começou com a revelação de que o tablóide "News of the World" interceptou os telefones de vítimas de crimes para um escândalo que obrigou ao encerramento do tablóide, à detenção de vários dos implicados no caso e pôs em evidência as perigosas ligações entre o grupo de Murdoch, a polícia e a classe política britânica.

A altura escolhida para a viagem do primeiro-ministro – que contratou para seu assessor um dos antigos directores do NoW e é amigo pessoal de outra, Rebekah Brooks – foi criticada tanto pela oposição como por deputados conservadores, um dos quais disse que Cameron dava a sensação de “estar a fugir do país”.

Caberá ao líder da Câmara dos Comuns decidir se prolonga, por mais um dia a sessão legislativa, que deveria terminar amanhã, para agendar mais um debate com o primeiro-ministro, tradicionalmente realizados à quarta-feira. Para amanhã, está prevista a audição, no comité de Cultura, Media e Desporto de Rupert e James Murdoch, presidentes da News Corporation e da News International (o braço do grupo de media no Reino Unido). No mesmo dia deverá ser ouvida Rebekah Brooks, directora do NoW entre 2000 e 2003, e que se demitiu sexta-feira do cargo de directora-executiva da News International, tendo sido ouvida ontem, sob detenção, durante várias horas pela polícia.

Além da investigação policial ao caso – que além das escutas ilegais abrange o suborno de polícias – e das audições no Parlamento, o Governo aceitou a realização de um inquérito público independente ao caso, que será liderado por um juiz.

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