Passos troca experiência política por competência técnica para as Finanças
Vítor Gaspar, o novo ministro das Finanças, é um dos economistas portugueses mais conhecidos nos meios onde são tomadas as grandes decisões de política europeia. Foi durante vários anos, Director do Departamento de Estudos do Banco Central Europeu , desempenhando nesse cargo um papel muito importante no processo de decisão da política monetária da zona euro.
Foi também director do Bureau de Conselheiros de Política Europeia da Comissão Europeia, uma equipa que trabalhava directamente com o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso. Estas fortes ligações ao BCE e à Comissão Europeia (principalmente ao seu presidente) podem ser importantes no desempenho do cargo de ministro das Finanças numa altura em que a política financeira nacional está tão dependente dos acordos feitos a nível europeu. O seu nome poderá também servir de “conforto” aos responsáveis europeus sobre o rumo que o país irá seguir a nível orçamental, já que, em linha com o que é dito habitualmente pelo BCE, Vítor Gaspar tem sido sempre um defensor de uma forte contenção dos défices e da dívida. "Desde 1989, que tem tido uma actividade muito intensa a nível europeu. Isso é um activo importante para ele", diz Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, que classifica a escolha de Vítor Gaspar como "excelente".
Em Portugal, a sua carreira foi feita principalmente no Banco de Portugal, onde ocupou diversos cargos, sendo o mais recente o de consultor da Administração do Banco de Portugal, tendo realizado diversas intervenções públicas em nome da instituição. O seu nome foi mencionado, no momento da saída de Vítor Constâncio, como um dos possíveis sucessores no cargo de governador.As exigências do cargo que vai agora ocupar não são, contudo, totalmente, desconhecidas para Vítor Gaspar. No Governo liderado por Cavaco Silva, foi chefe de gabinete de Miguel Beleza, quando este foi ministro das Finanças.
Vítor Gaspar é também reconhecido pelo seu trabalho ao nível da investigação económica, com trabalhos publicados em áreas como a política monetária, economia pública, economia política e integração europeia.