NASA quer recolher material de asteróide em 2020 e volta a apostar em viagens humanas

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Um modelo da cápsula Orion Kevin Lamarque/Reuters (arquivo)

O calendário e os objectivos da NASA para a próxima década começam a ser delineados. Nos últimos dias, a Agência Espacial Norte Americana anunciou que vai repescar o trabalho já investido na cápsula Orion para realizar viagens espaciais humanas. Mas já em 2016, quer lançar uma nave não comandada para recolher material de um asteróide.

A Orion, uma cápsula para transportar humanos no espaço, que fazia parte do Programa Constelação apoiado pelo antigo Presidente George W. Bush e que foi cancelado depois do Governo de Barack Obama ter entrado em funções, vai ser agora reciclada pela agência com o nome Multi-Purpose Crew Vehicle (MPCV, siglas em inglês) – veículo tripulado para vários propósitos.

“Estamos comprometidos a apostar na exploração humana para lá de órbitas próximas da Terra e queremos desenvolver a próxima geração de sistemas para nos levarem lá”, disse em comunicado Charles Bolden, administrador da NASA.

O anúncio, feito na quarta-feira, vem numa altura em que o futuro da NASA é visto com apreensão. A última missão da frota dos vaivéns dos Estados Unidos vai ser feita em Julho, pelo Atlantis. A missão será a última até à Estação Espacial Internacional, num voo de órbita baixa, depois disto, os astronautas norte-americanos vão ficar dependentes dos veículos russos para ir até à ISS.

Bolden explicou que o sistema se ia basear nos desenhos que originalmente estavam planeados para o veículo tripulado de exploração Orion. Já se tinham gasto cinco mil milhões de dólares (3,54 mil milhões de euros) na Orion, estava previsto um investimento total de nove mil milhões de dólares (6,37 mil milhões de euros).

Desta forma, a NASA defende que as lições de engenharia que se aprendeu durante a construção do veículo e o investimento não serão perdidas. A empresa Lockheed Martin Corporation, que começou a trabalhar na Orion em 2006, vai continuar a construir a cápsula.

A MPCV está preparada para viagens de 21 dias. É uma espécie de cone cortado ao meio de 23 toneladas com um volume habitável de mais de três metros cúbicos. Irá ser lançada por um foguetão e estará programada para cair na Terra no oceano Pacífico, perto da Califórnia. Ao contrário dos vaivéns, a NASA defende que a MPCV está desenhada para ser “dez vezes mais segura durante o lançamento e a entrada”.

O projecto está longe de estar pronto. “Ainda estamos a trabalhar na arquitectura integrada, e isso inclui o sistema de lançamento assim como os sistemas da base e outros projectos de suporte”, disse Douglas Cooke, citado pela AFP, que também pertence à administração da agência.

“Neste momento não temos datas específicas”, acrescentou. “Em termos de exploração do espaço profundo esperamos obviamente que haja testes de voo nesta década. Não sabemos exactamente quando, mas o mais cedo possível.”

A NASA explicou ainda, que para viagens que durem mais tempo, outros módulos serão ligados à cápsula. “Durante estas missões a asteróides ou a Marte, ou às luas de Marte, este veículo seria num modo mais adormecido enquanto a tripulação estaria num outro compartimento com que teria consumíveis de longo termo e capacidade de suportá-los”, disse Cooke.

Ida e volta ao asteróide

Mas não é necessária gente para ficarmos a saber mais sobre asteróides e o início do Universo. Em 2016 a NASA vai lançar uma nave que irá até ao asteróide 1999 RQ36 para recolher cerca de dois quilos de material.

“Este asteróide é uma cápsula do tempo, vinda do nosso sistema solar e inaugura uma nova era de exploração planetária”, disse Jim Green,director da divisão da agência para a ciência planetária, no comunicado da NASA a anunciar a nova missão. “O conhecimento obtido para esta missão também vai ajudar-nos a desenvolver métodos melhores para seguir as órbitas do asteróide".

O OSIRIS-REx, acrónimo para Origins-Spectral Interpretation-Resource Identification-Security-Regolith Explorer, está projectado para ser lançado em 2016, chegar ao asteróide em 2020 e voltar à Terra em 2023. O custo da missão, excluindo o dinheiro para o lançamento, será de 568 milhões de euros.

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