Professores defendem que provas de aferição deviam ser por amostragem

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Cerca de 237 mil alunos do 4.º e 6.º anos realizam as provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática Foto: Paulo Pimenta/arquivo

Os professores defendem a realização de provas de aferição para conhecer o nível de desempenho dos alunos, mas consideram que o actual formato não é eficaz, argumentando que cria um “ambiente de laboratório favorável a resultados” positivos.

O ministério da Educação estima que cerca de 237 mil alunos do 4.º e 6.º anos realizem a 6 e 11 de Maio as provas de aferição de Língua Portuguesa e Matemática.

As duas maiores associações de professores voltam a criticar a forma como são realizadas as provas. “A aferição é necessária mas não tem de ser generalizada, pode ser por amostragem, escolhendo um número de escolas representativas das várias regiões”, defendeu Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).

Introduzidas em 1999, as provas começaram por ser universais, mas em 2002 passaram a ser realizadas por amostragem. Em 2007, o ministério decidiu que todos os estudantes do 4º e 6º ano de escolaridade deviam realizar a prova.

Para Mário Nogueira, as provas não deveriam ter características semelhantes a um exame: “Se queremos aferir, temos de ter uma prova que surge num determinado momento, em determinadas escolas, por amostragem, e onde se faz a aferição para tentarmos perceber se as coisas estão a correr bem, se o processo de aprendizagem está a ser bem desenvolvido”. “Isto assim não vai aferir coisa nenhuma”, critica Mário Nogueira, considerando que desta forma se cria uma espécie de “ambiente de laboratório favorável a determinados resultados”.

Durante 90 minutos, os alunos do 1.º ciclo têm de responder às perguntas que estão organizadas em dois blocos de 45 minutos cada um. Entre as duas fichas, os estudantes têm um pequeno intervalo. As provas do 2.º ciclo têm a duração de 100 minutos, também repartidos por dois períodos e com uma pausa. “Não se pode ter medo de perceber problemas, porque só quando se percebem problemas é que se podem encontrar soluções adequadas”, lembra Mário Nogueira.

João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional de Educação (FNE), também é um defensor de provas de aferição mas, tal como o colega da Fenprof, defende um modelo diferente: “Temos de ter em Portugal mecanismos de acompanhamento dos resultados escolares dos alunos, mas preferíamos a realização de exames nacionais no 6º, 9º e 12º”. Dias da Silva lamenta ainda a ausência de "uma prática consistente e sequencial de mecanismos de avaliação do sistema educativo e do funcionamento da realização de exames”. Para a FNE, além da avaliação de alunos, professores e escolas também se devia avaliar as politicas educativas.

Apesar de não contarem para avaliação, as notas das provas são afixadas em pauta, possibilitando recolher “dados relevantes sobre os níveis de desempenho dos alunos, no que respeita às aprendizagens adquiridas e às competências desenvolvidas”, explica o Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE).

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