FNE diz que Instituto Camões vai cortar 30 horários no estrangeiro

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O IC negou que estejam a ser transmitidas às coordenações de ensino directrizes sobre as reduções de horários João Cortesão

A Federação Nacional da Educação (FNE) acusa o Instituto Camões de se preparar para extinguir 30 horários no ensino português no estrangeiro no próximo ano lectivo, mas o organismo garante que a rede ainda não está fechada.

A FNE afirma que os cortes nos horários estão a ser justificados com a situação económica do país e com a redução do orçamento e, em comunicado, adianta não "poder aceitar que por estes motivos, se ponha em causa a qualidade da educação e a política de divulgação e de ensino da língua e cultura portuguesas no estrangeiro".

Teresa Soares, dirigente da FNE e professora de português na Alemanha, disse à agência Lusa que os cortes lhe foram comunicados directamente pelo Instituto Camões e que são para aplicar em todos os países da rede de Ensino de Português no Estrangeiro (EPE), nomeadamente na Europa, África do Sul e Suazilândia.

"Há vários cursos que vão desaparecer porque está a ser exigido um número maior de alunos por professor. Os professores vão ficar sobrecarregados e com poucas horas para leccionar", disse Teresa Soares.

Dando como exemplo o seu caso, Teresa Soares disse que as cinco horas semanais de que dispunha para ensinar português a um grupo de 20 alunos, do 1º ao 10º anos de escolaridade, serão reduzidas para três.

"Os alunos ficarão com um tempo muito reduzido de aula semanal porque é impossível leccionar uma criança de seis anos juntamente com uma de 15. Se ficarem com 50 minutos de aula por semana, já é muito", disse.

A dirigente da FNE referiu ainda que as coordenações do ensino de português no estrangeiro já estão a informar os professores dos horários que terão no próximo ano lectivo e muitos deles estão a optar por não renovar as suas comissões de serviço devido à deterioração das condições de ensino desde que este passou a ser tutelado pelo Instituto Camões.

Contactado pela agência Lusa, o vice-presidente do Instituto Camões, Mário Filipe, rejeitou a acusação da FNE, garantindo que a rede de ensino do português no estrangeiro para o próximo ano letivo não está ainda concluída.

"A rede ainda não está homologada, nem está terminada. A rede está a ser ultimada neste momento e qualquer indicação sobre reduções não corresponde a nada de concreto. Não há nada sobre esta questão que possa ser confirmado neste momento", disse Mário Filipe.

O vice-presidente do IC negou que estejam a ser transmitidas às coordenações de ensino directrizes sobre as reduções de horários.

Mário Filipe admitiu que haverá uma "reorganização da rede", mas considerou "prematuro" falar em reduções de horários ou outro qualquer aspecto relacionado com a rede de ensino, que, segundo disse, será aprovada "em breve".

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