Jorge Sampaio descontente com organização da Capital Europeia da Cultura 2012

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Jorge Sampaio pede nova dinâmica à administração da Capital Europeia da Cultura 2012 Nuno Ferreira Santos

Ex-chefe de Estado e antigo líder da Câmara de Lisboa aprovou moção muito crítica e pede nova dinâmica à administração do evento, que se realizará em Guimarães.

O Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães (FCG) quer que haja um maior envolvimento da população e instituições da cidade na preparação da Capital Europeia da Cultura (CEC) do próximo ano. O órgão presidido por Jorge Sampaio reuniu-se ontem para avaliar a preparação do evento e aprovou uma moção que critica decisões da administração liderada por Cristina Azevedo e a política de comunicação da Guimarães 2012.

A nove meses do início da CEC, "o ambiente local em torno do projecto tem sido marcado por episódios desgastantes", entende o conselho geral. A moção aprovada por este órgão recomenda à administração que "promova uma reflexão estratégica com vista a adoptar práticas que permitam uma ligação reforçada entre a CEC e os agentes culturais, económicos e sociais de Guimarães". "É preciso transformar o acontecimento em algo que os vimaranenses sintam também que é deles", disse o presidente, Jorge Sampaio, no final da reunião. Para o ex-chefe de Estado é necessária "uma lufada de esperança" para recuperar o ânimo em torno da CEC. "Apelo a que seja um momento de convergências entre as várias forças políticas e económicas", sublinhou Sampaio.

Na reunião de ontem, que durou mais de quatro horas, aquele órgão deu razão às críticas feitas nos últimos meses pelos responsáveis de diferentes instituições vimaranenses, que se queixam do afastamento da administração relativamente às propostas apresentadas por agentes locais. No documento, aprovado por unanimidade, os membros do conselho geral defendem que é" indispensável relançar a confiança e o entusiasmo em torno do projecto".

A moção dirige ainda críticas à política de comunicação do evento, a quem são atribuídas responsabilidades pela fraca ligação com a comunidade local e pela pouca expressão que o evento tem no resto do país. Este desempenho exige "melhorias rápidas e eficazes", defendem os conselheiros. A moção, apresentada por Jorge Sampaio, Adriano Moreira, José Manuel dos Santos e Luís Braga da Cruz, recomenda ainda que se reforce a cooperação entre a fundação e a câmara, através de uma maior participação da vereadora da Cultura, Francisca Abreu, nas decisões relativas ao evento.

A presidente da FCG, Cristina Azevedo, desvaloriza as críticas, preferindo realçar que as recomendações expressas na moção podem permitir "encontrar uma metodologia para que cada um possa entender melhor o que está a ser montado" para a Guimarães 2012. "Vemos isso com bons olhos e teremos com certeza de encontrar um espaço para fazê-lo", assegura a responsável.

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