Jean-Claude Trichet voltou hoje a insistir para que Portugal prossiga com o pacote de medidas adicionais de austeridade que o país apresentou à Comissão Europeia e ao Banco Central Europeu (BCE), que lidera.

“É essencial que Portugal confirme o plano desenhado e aprovado” pelas instâncias europeias, disse Trichet, à margem do Conselho Europeu, que hoje arrancou em Bruxelas com situação de Portugal a abrir a cimeira de líderes.

As primeiras palavras de Trichet sobre Portugal depois do chumbo do Programa de Estabilidade e Crescimento, ontem no Parlamento, estiveram em linha com as vozes que hoje apelaram a um consenso das forças políticas para Portugal implementar o chamado PEC IV.

Em plena crise política interna e com a pressão indirecta de responsáveis europeus para Portugal pedir a ajuda do fundo de socorro do euro, José Sócrates foi à reunião de chefes de Estado e de Governo dos Vinte e Sete como primeiro-ministro demissionário e assegurou aos parceiros europeus que o país cumprirá os compromissos assumidos com Bruxelas. “Estou aqui com uma única preocupação que é defender Portugal, é defender a moeda única e é defender o projecto europeu”, dissera, aliás, à chegada ao Conselho Europeu, no qual os Vinte e Sete poderão já não aprovar a flexibilização do fundo de resgate europeu, adiando para Junho uma decisão definitiva – era esse o sentimento dominante ontem na capital belga.

Na reunião, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, referiu que os partidos da oposição em Portugal não podem pensar que as condições de austeridade defendidas por Bruxelas vão ser alteradas e o homólogo espanhol, José Luis Zapatero, garantiu que estará ao lado de Portugal. Os chefes de Estado e de Governo da UE brindaram José Sócrates com uma salva de palmas, uma tradição do Conselho Europeu para se despedir de um membro que poderá estar a ver pela última vez nas actuais funções.

Antes do encontro dos líderes, Sócrates teve uma reunião bilateral com a chanceler alemã, Angela Merkel, que já de manhã dissera estar “grata” a Sócrates pelo trabalho de consolidação orçamental e lembrou, tal como Trichet, que as medidas tomadas pelo executivo português receberam o apoio da Comissão Europeia e do BCE. Isto quando o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, deu eco à pressão europeia para Portugal pedir auxílio financeiro ao fundo de socorro do euro, dizendo que, no caso de haver, de facto, uma solicitação, o montante “apropriado” da ajuda rondaria 75 mil milhões de euros.