Estado acusado de promover precariedade no handling do Aeroporto de Faro

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Rui Gaudêncio/ arquivo

Os Precários Inflexíveis acusam Estado de estar a promover a precariedade laboral, por ter uma empresa a contratar trabalhadores temporários para funções abandonadas por outra empresa pública no Aeroporto de Faro.

“Estão a substituir trabalhadores com uma situação laboral estável por trabalhadores precários, através de uma empresa de trabalho temporário, em que 40 por cento do salário fica retido na empresa que faz o recrutamento”, disse João Camargo ao PÚBLICO.

Esta situação coloca “o Estado na vanguarda da promoção da precariedade no trabalho, através das práticas de gestão empresarial que segue, que incorrem em ilegalidades”, acrescentou, justificando esta afirmação por estarem em causa duas empresas do Estado e porque a Portway “assume posição que a Groundforce abandonou”.

Um empresa de trabalho temporário, a Adecco, está a recrutar trabalhadores a tempo parcial para assistência em escala no Aeroporto de Faro para a Portway, uma empresa do Estado, depois de terem sido despedidos cerca de 300 trabalhadores da Groundforce, controlada pela TAP. A Portway é totalmente detida pela ANA, a empresa pública que gere os aeroportos nacionais.

João Camargo diz ainda que neste caso se trata da “contratação de trabalhadores temporários para funções permanentes”, alegando que os trabalhadores anteriores, da Groundforce, tinham vínculo permanente.

Por outro lado, considera que “é no mínimo dúbio”, por uma questão de segurança, fazer outsourcing destas tarefas, porque se trata de pessoas que vão manusear bagagens e outros materiais, quando no Ocidente se vive com receios sobre a segurança aérea, desde os atentados terroristas de 11 de Setembro.

Esta denúncia feita pelos Precários Inflexíveis, tem origem num anúncio de recrutamento de 20 trabalhadores para a função de operador de assistência em escala (handling) no Aeroporto de Faro, no site Net-empregos, sob o título “Recrutamento Aeroporto de Faro - para iniciar a 21/02 - Urgente!! Últimas 20 vagas!!!”, publicado com data de 17 deste mês e que foi denunciado na sexta-feira no blogue daquela organização.

O anúncio pede trabalhadores a tempo parcial e não menciona qual a empresa onde serão colocados, mas a Adecco informou que se trata da Portway. Na sexta-feira, a responsável da agência em Faro disse à Lusa que cem pessoas “vão começar em formação”, pelo que “poderão” ser abertas vagas com esse número de trabalhadores para a Portway,.

A partir da próxima semana, a Groundforce (detida em 49,9 por cento pela TAP) deixa de operar no aeroporto de Faro, depois de ter anunciado, em Novembro, a suspensão da actividade para reduzir os prejuízos. A abertura de vagas por parte da Portway poderia permitir, assim, que alguns dos 336 trabalhadores despedidos da Groundforce possam passar para a concorrente.

No entanto, João Camargo disse ao PÚBLICO que não foram contactados trabalhadores despedidos pela Groundforce para assumirem estas funções.

Notícia actualizada às 10h40
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