Há um nomeado aos Óscares que está a pôr em sentido a cúpula da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas: Banksy. O reconhecido mas incógnito artista deve manter-se na sombra mesmo que Exit Through the Gift Shop vença a estatueta para melhor documentário. O que deixa uma questão em aberto: quem a vai receber?

“O cenário divertido mas inquietante é se aquele filme ganha e cinco homens com máscaras de macaco sobem ao palco e todos dizem: ‘Eu sou o Banksy!’ A quem é que o [Óscar] vamos dar?” A preocupação do director executivo da Academia, Bruce Davis, surge apenas como avisada para quem conhece o percurso acintoso do britânico.

Banksy falhou o almoço de segunda-feira, que reuniu em Beverly Hills os cerca de 200 candidatos aos Óscares. Era expectável. Jaimie D’Cruz, produtor de Exit Through the Gift Shop, esteve presente e acabou por reunir com Bruce Davis e com o próprio presidente da Academia, Tom Sherak, para assegurar que na noite de 27 de Fevereiro tudo corre sem grandes improvisações.

O acordo deixa Banksy completamente de fora: em caso de vitória, será Jaimie D’Cruz a receber a estatueta. Tom Sherak explicou mais tarde, ao The Wrap, que “não seria dignificante para a Academia ter alguém a subir ao palco com uma cabeça de macaco”. A posição oficial é que, se Banksy não quer mostrar a cara no Kodak Theatre, então a Academia não o quer em palco.

Em Exit Through the Gift Shop, Banksy deixa-se filmar encapuzado ou limita a imagem à silhueta. A única identidade que o público lhe conhece é a que transparece na obra, seja no cinema ou na street art. A crítica social e a provocação, através de pequenas acções com grandes repercussões, são os seus métodos de intervenção.

Banksy é conhecido pela agenda de índole anarquista e niilista, que têm como alvos preferenciais o capitalismo, o imperialismo e a guerra. Tendo em conta que estão em causa os prémios que no cinema simbolizam a norma, é aqui que surge a derradeira pergunta: Banksy perderia a oportunidade para uma pirraça no coração da indústria?