Comissão critica partilha de dados pessoais entre Portugal e EUA
A fragilidade da protecção dos dados pessoais disponibilizados por Portugal aos Estados Unidos é uma das 15 falhas apontadas pela Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), citadas hoje pelo “Diário de Notícias”.
A questão da aplicação da pena de morte também suscita dúvidas. A comissão considera não estar assegurado que da partilha de dados não resulte uma possível condenação à morte, o que a acontecer se traduz numa violação da Constituição portuguesa.
Também a “desproporcionalidade” do tipo de crimes que ficam abrangidos no acordo é repreendida, já que estão incluídos todos os casos que impliquem penas superiores a um ano.
A CNPD critica ainda não ter sido consultada durante a elaboração do acordo, criado em Julho de 2009 pelos ministérios da Justiça e dos Negócios Estrangeiros, mas apenas um ano e meio depois da sua conclusão. Por estarem em causa direitos fundamentais (transmissão de dados pessoais, impressões digitais e perfis de ADN), a CNPD lembra que a lei exige um parecer prévio da comissão.
A Comissão de Protecção de Dados questiona também a criação de um acordo entre Portugal e os Estados Unidos “quando está em preparação um acordo-quadro entre a União Europeia e os Estados Unidos" sobre esta matéria.
O PÚBLICO contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, que confirmou a recepção do parecer da CNPD e que o gabinete de Luís Amado está a analisar o documento. O ministério remete para esta tarde um comentário.