Ruby diz ter pedido cinco milhões a Berlusconi para se calar
É o que se lê no dossier com mais de 300 páginas, recheado com declarações de jovens que participaram nas festas de Silvio Berlusconi, que foi entrege ao Parlamento, junto com um pedido de autorização para buscas domiciliárias nos escritórios do contabilista do primeiro-ministro, suspeito de manter relações sexuais com menores.
A bailarina marroquina Karima El Mahroug, de nome artístico Ruby Rubbacuori, pediu “cinco milhões de euros” a Silvio Berlusconi, o primeiro-ministro italiano, para não revelar a natureza das suas relações, iniciadas quando ela teria 16 anos. É o que se lê no dossier com mais de 300 páginas, recheado com declarações de jovens que participaram nas festas de Silvio Berlusconi, que foi entrege ao Parlamento, junto com um pedido de autorização para buscas domiciliárias nos escritórios do contabilista do primeiro-ministro, suspeito de manter relações sexuais com menores.
Nessas páginas que os magistrados milaneses consideram recheadas de provas estão transcrições de conversas telefónicas e declarações da marroquina, hoje com 18 anos. E também de outras jovens que participaram nas festas de Berlusconi.
“Um número relevante de jovens mulheres prostituíram-se com Silvio Berlusconi na sua residência, mediante pagamento correspondente em dinheiro deste último”, lê-se no documento enviado pelos procuradores de Milão a um órgão não legislativo do Parlamento, a junta para as autorizações, que terá de decidir amanhã sobre a resposta a dar.
As transcrições feitas ontem à tarde pelos media italianos online – apesar de existirem apenas duas cópias – eram danosas para Berlusconi.
“É alucinante. Não se imagina. Chamamo-lo todas ‘amor’, ‘tesourinho’. Não se pode imaginar o que se passa lá... Os jornais ficam muito aquém da verdade, mesmo quando o massacram”, dizem duas jovens citadas no documento, identificadas pelo jornal "La Repubblica" como T.M. e B.V.
Mas pode este inquérito ser diferente de todos os outros escândalos de Berlusconi?
Na verdade, o escândalo das festas alegadamente selvagens do primeiro-ministro italiano já dura há alguns anos – e poderá até envolver o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, pelo menos na sua visita a Itália em Abril do ano passado. O Governo, no entanto, está agora mais enfraquecido, com a saída do partido de Gianfranco Fini.
E a liderar a investigação, sublinhava o semanário britânico The Observer no domingo, está a magistrada Ilda Boccassini, também conhecida como Ilda la Rossa (A Ilda Vermelha), tanto por ser ruiva como pelas suas simpatias progressistas. Tem uma vasta experiência de casos da máfia e quer evitar audições pré-julgamento, com o objectivo de conseguir ter Berlusconi na sua sala de audições até ao Verão.