Vencimentos na Fundação Cidade de Guimarães sofrem cortes de 30 por cento

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Os cortes vão também atingir o Conselho-geral da Fundação Cidade de Guimarães Foto: Paulo Ricca

Os vencimentos dos membros do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães, a entidade que gere a Capital Europeia da Cultura de 2012, vão sofrer um corte de 30 por cento, anunciou hoje o presidente da câmara de Guimarães e da comissão de rendimentos da fundação.

De acordo com António Magalhães da Silva, o corte irá abranger todos os vencimentos daquele conselho de administração. Assim, o vencimento de Cristina Azevedo, presidente do Conselho de Administração, que ascendia aos 14.300 euros mensais, vê a remuneração reduzida para 10 mil euros. Por sua vez, os dois vogais executivos, até aqui a auferir 12.500 euros cada, passam a receber 8750 euros.

Estes cortes vão igualmente atingir o Conselho-geral da Fundação Cidade de Guimarães, que é presidido pelo ex-chefe de Estado Jorge Sampaio.

Questionado pelo PÚBLICO, o Conselho de Administração da Fundação recusou comentar a decisão.

Os rendimentos dos elementos do Conselho de Administração já tinha sido alvo de fortes críticas, nomeadamente do Bloco de Esquerda que questionou a decisão de atribuir ordenados cerca de duas vezes superiores ao salário do Presidente da República. A questão foi colocada à ministra da Cultura no debate do Orçamento do Estado para 2011. Gabriela Canavilhas disse na altura só ter tido conhecimento das quantias quando preparava o Orçamento para a Cultura, já que até então nunca a questão tinha sido abordada no Conselho Geral da fundação, onde o ministério tem como representante a arquitecta Paula Silva.

Os estatutos da Fundação Cidade de Guimarães (FCG) foram aprovados em Junho do ano passado, por unanimidade, pela vereação vimaranense. A decisão foi ratificada no final desse mês pela assembleia municipal, tendo sido publicado em Diário da República em Agosto. A fundação foi instituída com um capital fundacional de dois milhões de euros, transferidos pela câmara de Guimarães e reforçado, em 3,7 milhões de euros, pelo Ministério da Cultura, através da sua secretaria-geral.

Os estatutos têm merecido críticas de algumas instituições, pelo facto de dar poucas hipóteses de escrutínio da actividade da FCG às entidades que lhes estão na base, a autarquia de Guimarães e o Ministério da Cultura.

A propósito da divulgação dos vencimentos do conselho de administração da FCG, a tutela lamentou o facto de, apesar de contribuir para o financiamento da instituição, só ter voz no conselho geral, com um representante entre 17 conselheiros.

A mesma crítica foi feita pelos partidos da oposição em Guimarães em sessões recentes da assembleia municipal, nomeadamente depois de terem requerido informações sobre o andamento do projecto cultural do evento à administração da FCG, que remeteu os autarcas para os documentos existentes no sítio criado na Internet. Alguns membros do conselho geral da FCG têm também colocado objecções aos estatutos, contestando o facto de uma entidade criada para gerir um projecto como a CEC ter duração ilimitada. Os estatutos também permitem à administração alienar património sem consultar o seu órgão máximo.

Última actualização às 11h22
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