Petição online com mais de 1000 assinaturas exige pluralismo na análise à crise económica
Em nota, os promotores, que gerem também o blogue Pluralismo no Debate, insurgem-se “contra o tom monolítico e redundante que tem dominado os meios de comunicação social” na “análise da crise e à apreciação das medidas de austeridade em curso”, o que, defendem, “resulta em larga medida do convite recorrente a um leque muito limitado de comentadores, em regra alinhados com uma única perspetiva sobre as questões em debate”.
Nuno Serra, um dos promotores da petição, explicou à Lusa que foi “a estranheza e a perplexidade” com o facto de os meios de comunicação, nomeadamente as televisões de canal aberto, apresentarem “uma redundância de opiniões face à situação financeira do país e ao momento de crise que o país e a Europa atravessam”.
“Vemos normalmente as mesmas caras e o discurso económico tem uma divergência mínima. Esperaríamos dos meios de comunicação, nomeadamente das televisões de canal aberto, que dessem conta desse pluralismo de opiniões do debate intenso que se tem travado no seio da economia e aquilo que constatamos é que o âmbito da discussão é feito de uma forma absolutamente confinada”, afirmou.
Para Nuno Serra, o debate mediático da política económica nacional “parte de vários pressupostos” que não são universais: a discussão mediática da economia portuguesa assume que “o único caminho a seguir é o do combate ao défice e a recusa de políticas expansionistas que pudessem causar a retoma da economia”.
O promotor da petição considera que “a perplexidade é essa, porque os meios de comunicação deverão ser os primeiros a promover o contraditório, quando esse debate existe na academia e nas diferentes políticas que os Estados Unidos da América estão a adotar”, mas “a Europa continua, infelizmente, numa perspetiva de continuidade de políticas que estiveram, afinal, por detrás da crise”.
Os organizadores da petição consideram existir um “preocupante silenciamento” de sectores político-sociais e de “reputados economistas que têm contestado a lógica das medidas adotadas”, exigindo aos media, “em particular às televisões, e sobretudo àquela a quem compete prestar serviço público”, que “respeitem o pluralismo no debate político-económico”.
Menos do que isso, dizem, “é ficar aquém da democracia e do esclarecimento”.
A petição tem como destinatários as direções de informação das televisões, outros órgãos de comunicação social, grupos parlamentares com representação na Assembleia da República e a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).