Identificada bactéria que causou a peste negra na Idade Média

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Ilustração sobre a peste negra na Bíblia de Toggenburg DR

A peste negra apareceu no Sul da Europa, em 1347, e ano após ano foi alcançando mais cidades, primeiro na região da Itália, depois França, Espanha, Inglaterra, Portugal, até que toda a Europa se rendeu às manchas pretas que anunciavam a morte. Cerca de um terço da população do continente pereceu devido a duas estirpes desconhecidas da mesma espécie de bactéria que hoje causa a peste bubónica.

A causa desta doença manteve-se uma incógnita durante séculos. Mas o artigo publicado agora na "Public Library of Science Pathogens", de acesso livre na Internet, mostra que a pandemia que assolou a Europa entre 1347 e 1750 foi causada pela Yersinia pestis, a bactéria da peste bubónica, que se espalha através da saliva das pulgas dos ratos infectados que estão em contacto com os seres humanos.

“As nossas descobertas indicam que a peste viajou para a Europa através de pelo menos duas vias, que tomaram caminhos individuais”, explicou por comunicado a última autora do artigo e líder da investigação Barbara Bramanti, do Instituto de Antropologia da Universidade de Mainz, na Alemanha.

A equipa internacional analisou restos genéticos das bactérias que ficaram nos ossos e nos dentes de 76 esqueletos enterrados em valas comuns da Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Holanda. Apesar da identificação da bactéria não ser uma surpresa, e servir mais como uma confirmação, as estirpes detectadas foram.

Existiram mais duas pandemias causadas pela peste. A primeira assolou o Império Bizantino em 541 d.C. e a terceira iniciou-se na China no final do século XIX, em 1894. Uma das teorias defendia que a peste negra foi causada pela estirpe medieval da bactéria Yersinia pestis, com características fisiológicas próprias e diferentes das outras pandemias. Mas as análises, embora tenham confirmado a espécie, mostraram a existência de duas estirpes desconhecidas.

A que assolou a maior parte da Europa e a mais antiga apareceu na região do Sul da Itália e foi subindo até à Inglaterra. Mas nos esqueletos da vala de Bergen, uma cidade da Holanda, a estirpe identificada é geneticamente mais próxima da bactéria que causou a pandemia da China.

Os autores defendem que esta estirpe pode ter vindo do Norte da Europa, a partir de uma outra rota de migração originária no Oriente. “A história desta pandemia é muito mais complicada do que anteriormente se pensava”, disse Stephanie Hänsch, primeira autora do artigo.

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