Capitais próprios da TAP caem a um ritmo de 560 mil euros por dia

Grupo registou prejuízos de 79 milhões de euros no primeiro semestre deste ano e capitais próprios negativos de 306 milhões de euros. Parpública fala em "degradação financeira".

Os capitais próprios do grupo TAP caíram 563 mil euros por dia no primeiro semestre do ano, sendo actualmente negativos em mais de 306 milhões de euros, indica um relatório da accionista única da companhia, a Parpública.

De acordo com as contas semestrais consolidadas que a Parpública enviou hoje ao mercado, “o Grupo TAP continua a registar uma degradação da sua situação financeira em resultado da acumulação de prejuízos. No final do semestre os capitais próprios do Grupo TAP eram negativos situando-se em -306,8 milhões de euros, valor que compara com os 204,6 milhões de euros negativos registados no final de 2009”.

Ou seja, em seis meses os capitais próprios da TAP caíram mais de 102 milhões de euros, ou cerca de 563 mil euros por dia.

Quanto à actividade, e tal como a transportadora tinha anunciado, o Grupo TAP apresentou em Junho “prejuízos de 79 milhões de euros, mais 16,7 milhões de euros do que no período homólogo”.

Este prejuízo, escreve a Parpública, “é justificado pela evolução negativa verificada em todas as grandes áreas de negócios do grupo, transporte aéreo, manutenção e handling”.

No que respeita ao transporte aéreo o prejuízo gerado foi superior a 18 milhões de euros, indica o documento.

“Apesar da evolução positiva traduzida pelo aumento do tráfego de passageiros, mais 5,7 por cento do que em 2009, sobretudo nos voos para o Brasil (+33,5 por cento) e para África (+12,3 por cento), este revelou-se insuficiente para compensar o efeito do aumento dos custos operacionais, designadamente associados ao custo com combustíveis”, acrescenta.

Ainda de acordo com a Parpública, o “custo com combustíveis aumentou de 158,7 milhões de euros para 227,7 milhões de euros (+44 por cento), decorrente da conjugação do aumento de preço e da valorização do dólar face ao euro, a que acresceu o efeito das perturbações no tráfego aéreo provocadas pela nuvem de cinzas vulcânicas” verificada em finais de Abril e inícios de Maio.

No negócio da manutenção há a registar um prejuízo de aproximadamente 19 milhões de euros, gerado na operação no Brasil (ex-VEM e actual TAP Manutenção e Engenharia Brasil), “cujo prejuízo permanece ao nível do ano anterior na ordem dos 28 milhões de euros”.

Também a actividade do handling se mantém deficitária, tendo gerado prejuízos de cerca de 12 milhões de euros.

No início do mês, o secretário de Estado das Obras Públicas garantiu à agência Lusa que o Governo não tinha em curso qualquer operação para entregar à TAP os 297,5 milhões de euros que a empresa diz precisar.

“Neste momento não existe nenhuma operação de aumento de capital da TAP em curso para poder sanar essa situação”, disse Paulo Campos.

A recapitalização de que a TAP precisa pode ser feita através de “vários mecanismos”, disse também o responsável, escusando-se no entanto a especificar quais.

Questionado sobre se o Governo tem preferência por algum modelo em concreto, Paulo Campos respondeu que “o Governo não tomou ainda qualquer decisão sobre esse contexto” e salientou sempre ter dito que “a recapitalização não é privatização”.

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