Cavaco entre o lar “euromilhões” e a escola-refeitório

O segundo dia de roteiro presidencial revelou os dois extremos do sistema de segurança social. Uma residência para idosos onde a estes nada falta, e uma escola que se vê forçada a permanecer aberta todos os dias para que as crianças tenham o que comer.

“Emergência social”. Foi este o mote do último dia do roteiro presidencial sobre comunidades locais inovadoras. Cavaco Silva aproveitou a sua passagem pelos dormitórios da capital para “dar visibilidade” a “bons exemplos” e assim exigir mais do Governo, comunidades e encarregados de educação.

A passagem pelo agrupamento de escolas de Serra das Minas, Sintra, serviu para o Presidente pedir às famílias mais apoio à escola e ao Governo mais liberdade para os responsáveis educativos.

O encontro com 30 directores de escolas e agrupamentos serviu para o chefe de Estado concluir que a “realidade educativa do concelho era muito complexa”, com 51 mil alunos, 13 por cento dos quais estrangeiros e 38 por cento são crianças carenciadas.

Exigiu por isso, ao Governo mais para as escolas e aos pais mais atenção: “Precisamos de mais poderes, precisamos de mais autonomia, eles fazem milagres, mas os pais não podem entregar a criança de manhã na escola deixá-la lá até às sete da tarde e dizer resolvam tudo”, advertiu Cavaco Silva, considerando que Portugal precisa de “ir buscar o exemplo àqueles países em que a escola é assumida com orgulho por toda a comunidade”.

O destaque dado a Serra das Minas tinha que ver com a resposta que a escola se via forçada a dar às crianças. De acordo Com Fernando Seara, autarca de Sintra, a escola está a fornecer aos seus alunos uma refeição quente 365 dias por ano. Mesmo durante as férias, a escola mantém o refeitório mantém-se aberto para que as crianças tenham o que comer.

Uma resposta à altura das necessidades em Sintra, contra uma resposta acima das necessidades em Oeiras. Na câmara liderada por Isaltino Morais, Cavaco Silva visitou unidade residencial para idosos que ia muito além dos habituais serviços prestados. A inovação estava principalmente na unidade de residência assistida. Um piso da residência, com capacidade para 23 pessoas aí se instalarem provisoriamente. “Para quando as famílias vão de férias, por exemplo, podem deixar aqui os seus idosos durante algum tempo”, exemplificou Manuel Gerardo, presidente da Associação Apoio, responsável por parte da gestão do edifício.

“Saiu-me o euromilhões”, reconheceu uma idosa cumprimentada pelo Presidente e utente das instalações. Os idosos têm acesso àquelas instalações pagando uma mensalidade de acordo com os seus recursos. O que quer dizer que há quem pague seis euros como há quem pague 96 para viver ali.

Sugerir correcção
Comentar